São Paulo, segunda-feira, 03 de junho de 2002

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RIO DE JANEIRO

Corpo carbonizado foi achado no próprio carro de Lídia Menezes; polícia investiga hipótese de crime político

Vice-prefeita de Magé é encontrada morta

TALITA FIGUEIREDO
PAULO GRAMADO

FREE-LANCE PARA A FOLHA

A vice-prefeita de Magé (cidade a 60 km do Rio de Janeiro), Lídia Menezes (PSDB), 37, foi encontrada carbonizada dentro de seu carro no início da tarde de ontem.
Lídia estava desaparecida desde a noite de anteontem. A Polícia Civil investiga a hipótese de crime político. A vice-prefeita era pré-candidata a deputada federal. No carro, policiais recolheram duas cápsulas de pistola.
A prefeita Narriman Zito (PSDB) suspeita de crime político. "Magé, politicamente, é muito perigosa. Há alguns anos isso vem acontecendo com políticos. Os delegados não estão fazendo nada. Eu mesma estou andando em carro blindado", disse.
Narriman é casada com José Camilo Zito, prefeito de Duque de Caxias e coordenador da campanha de José Serra (PSDB) à Presidência da República no Rio.
A prefeita defendeu um policiamento especial para políticos da região. Segundo Narriman, o trabalho de Lídia era político, e o seu, prático. "Eu, engenheira, fazia o trabalho técnico e o planejamento da cidade. Eu a coloquei ali, por ser uma negra, uma pessoa do povo, uma boa mulher que me representava publicamente."
O delegado Paulo César Vieira, da 65ª DP (Delegacia de Polícia), disse que também será investigada a hipótese de Lídia ter sido morta por assaltantes. A polícia afirmou não ter informações sobre ameaças à vice-prefeita.
Segundo o vereador Dejair Corrêa (PSDB), presidente da Comissão de Segurança da Câmara de Magé e sargento reformado da Polícia Militar, Magé virou "um barril de pólvora". Corrêa disse que o crime foi encomendado.
"Tudo foi meticulosamente planejado e friamente executado, provando a ação de profissionais. Nada pode ser descartado, mas parece ser crime político. Vou entrar com processo na Secretaria da Segurança pedindo atenção especial a Magé, que vive sem condições normais de segurança". Corrêa mencionou o assassinato do vereador Alexandre Alcântara, atingido por cerca de dez tiros, dentro do próprio carro, na rodovia Rio-Magé. Ocorrido há três meses, o crime ainda não foi esclarecido.
O presidente do PSDB de Magé, Jorge Cosan, chefe de gabinete da prefeitura, disse que é preciso "alertar a sociedade". "Caso contrário, mais pessoas vão morrer. Qual o objetivo de matar a vice-prefeita? Querem tirar a prefeita do cargo? Alguém quer ocupar o Executivo com a ocorrência desses crimes? Essas mortes são por motivação política e nunca são investigadas a contento", afirmou.



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