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URBANISMO
Promotora diz que não existe risco de fechamento iminente; para líder de Marta, questão não é "o centro do debate"
Opositores de anistia a lojas ganham fôlego
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A administração Marta Suplicy
(PT) quer votar hoje na Câmara
Municipal de São Paulo a anistia a
lojas irregulares, mas o grupo
contrário à medida reuniu novos
argumentos e já acredita que possa engavetar o projeto.
Esses vereadores rebatem dois
dos pontos pró-anistia: dizem que
não existe a ameaça de fechamento imediato das lojas e tampouco
o risco de extinção de cerca de 10
mil empregos. Já o líder do governo na Câmara, João Antonio
(PT), afirma que o fechamento e
os empregos não são "o centro do
debate". Para o petista, o problema é que a questão das lojas nos
corredores já está "consolidada".
Defensor da anistia, o sindicato
dos comerciários argumenta que
uma decisão do Ministério Público ameaça 183 estabelecimentos
na região de Pinheiros. No entanto a promotora que cuida do assunto, Cláudia Beré, afirmou a
uma comissão de vereadores que
existe um prazo de ao menos 90
dias para que saia uma decisão.
Ela explicou que, depois de receber a sentença -o que ainda
não ocorreu-, a prefeitura terá
30 dias para mapear a situação e
mais 60 para tomar possíveis medidas. Acontece que a administração petista terá de enviar à Câmara até o final deste mês os planos
diretores regionais. Com o início
da discussão, pode haver um
acordo entre o governo e o Ministério Público para esperar a decisão final no Legislativo municipal.
"Estão usando essa sentença para fazer terrorismo pela aprovação do projeto", disse a promotora Beré. Para um dos integrantes
do encontro, o oposicionista Ricardo Montoro (PSDB), "se todos
os vereadores tivessem participado da reunião, a maioria seria
contra [a anistia às lojas]".
O presidente do sindicato dos
comerciários, Ricardo Patah, afirma que "o Ministério Público está
por fora". Segundo ele, vários estabelecimentos já foram multados e estão ameaçados de fechamento. Patah argumenta que, como algumas lojas estão no local
há 30 anos, "já existe legalidade,
só falta a formalidade da lei".
O outro ponto em disputa, o fim
imediato dos 10 mil empregos, é
refutado pelo vereador Nabil
Bonduki (PT), outro que participou da reunião com a promotora.
Levantamento demonstra que
apenas 26% das lojas irregulares
de Pinheiros -48 de 183- estão
nas vias chamadas de corredores
de uso especial, as únicas beneficiadas pela eventual anistia. A
maioria delas, 26, se concentra na
alameda Gabriel Monteiro da Silva. As outras estão distribuídas
por vias como a avenida Europa e
a rua Joaquim Antunes.
Hoje, a bancada petista na Câmara tem uma reunião para debater a anistia. Na primeira votação da proposta, em janeiro, só 8
dos 16 petistas votaram a favor.
A petista Zélia Lopes, que era
contabilizada como um dos votos
favoráveis à anistia, participou da
reunião no Ministério Público e
pediu o adiamento da discussão.
Torcidas
Como já aconteceu na discussão
do projeto na semana passada, os
grupos pró e contra a anistia vão
tomar as galerias do plenário da
Câmara. Os dois lados tiveram de
ser divididos, e houve vaias e até
gritos de guerra organizados.
Patah, dos comerciários, disse
que vai com um "batalhão, porque há empregos em jogo". O
grupo tem reunião marcada hoje,
às 11h45, com a prefeita.
Regina Monteiro, presidente do
Defenda São Paulo, também planeja levar muitos moradores para
protestar contra a anistia.
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