São Paulo, domingo, 03 de junho de 2007

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Preso é acusado de fazer 140 ligações de falso seqüestro ao dia

De acordo com a Polícia Civil gaúcha, detento de penitenciária no Rio procurava vítimas no Rio Grande do Sul

Suspeito já tinha prisão temporária decretada sob a acusação de ter causado um derrame em uma mulher de 80 anos com o golpe

DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul identificou um suspeito de aplicar o golpe do falso seqüestro por telefone. Fabrício da Luz Ribeiro, 23, fazia cerca de 140 ligações por dia nos últimos seis meses de dentro de uma cela no Complexo Penitenciário de Bangu (RJ).
Três policiais da 1ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre viajaram ao Rio na semana passada para investigar o caso com policiais deste Estado. Na cela que Ribeiro dividia com outros 77 detentos foram encontrados dois celulares, segundo a polícia, usados para as ligações.
"Por meio desses aparelhos, ele fazia os telefonemas, aterrorizando as famílias com a fictícia informação de que tinha seqüestrado seus filhos, e exigia uma soma em dinheiro para libertá-los", disse o delegado Paulo César Jardim.
"Os gaúchos foram escolhidos por terem fama nos presídios do Rio de ter maior poder aquisitivo", disse Jardim.
O suspeito telefonava para as vítimas a cobrar e simulava ser o filho ou a filha de quem estava do outro lado da linha. Pedia, então, resgate de R$ 15 mil, mas acabava aceitando valores entre R$ 800 e R$ 1.000.
Ribeiro pedia que a vítima depositasse o dinheiro em uma conta bancária.
Segundo investigação policial, ele utilizava contas correntes de laranjas para receber o dinheiro que as vítimas pagavam. Posteriormente, os intermediários recebiam cerca de 20% do valor.
Os policiais gaúchos tiveram acesso a escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, que comprovavam a participação de Ribeiro no crime. Ele se apresentava às vítimas com nome falso, dizendo se chamar "Róbson" ou "Machadão".
A reportagem tentou falar com a Polícia Civil do Rio, mas não conseguiu.
Ribeiro cumpre pena em Bangu por porte ilegal de arma e roubo. Ele tem também prisão temporária decretada por ser suspeito de envolvimento na morte de uma mulher de 80 anos, no mês passado, em Uruguaiana (649 km de Porto Alegre). Ela sofreu um derrame, segundo a polícia, causado pelo impacto de um telefonema de Ribeiro em que afirmava que sua filha e seu marido haviam sido seqüestrados.
Como já está cumprindo pena, Ribeiro será indiciado por extorsão pela polícia gaúcha quando for liberado de Bangu. Ele foi isolado por tempo indeterminado, mas, após a punição, retornará à cela coletiva. (SIMONE IGLESIAS)

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