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Preso é acusado de fazer 140 ligações de falso seqüestro ao dia
De acordo com a Polícia Civil gaúcha, detento de penitenciária no Rio procurava vítimas no Rio Grande do Sul
Suspeito já tinha prisão temporária decretada sob a acusação de ter causado um derrame em uma mulher de 80 anos com o golpe
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A Polícia Civil do Rio Grande
do Sul identificou um suspeito
de aplicar o golpe do falso seqüestro por telefone. Fabrício
da Luz Ribeiro, 23, fazia cerca
de 140 ligações por dia nos últimos seis meses de dentro de
uma cela no Complexo Penitenciário de Bangu (RJ).
Três policiais da 1ª Delegacia
de Polícia de Porto Alegre viajaram ao Rio na semana passada
para investigar o caso com policiais deste Estado. Na cela que
Ribeiro dividia com outros 77
detentos foram encontrados
dois celulares, segundo a polícia, usados para as ligações.
"Por meio desses aparelhos,
ele fazia os telefonemas, aterrorizando as famílias com a fictícia informação de que tinha
seqüestrado seus filhos, e exigia
uma soma em dinheiro para libertá-los", disse o delegado
Paulo César Jardim.
"Os gaúchos foram escolhidos por terem fama nos presídios do Rio de ter maior poder
aquisitivo", disse Jardim.
O suspeito telefonava para as
vítimas a cobrar e simulava ser
o filho ou a filha de quem estava
do outro lado da linha. Pedia,
então, resgate de R$ 15 mil, mas
acabava aceitando valores entre R$ 800 e R$ 1.000.
Ribeiro pedia que a vítima
depositasse o dinheiro em uma
conta bancária.
Segundo investigação policial, ele utilizava contas correntes de laranjas para receber o
dinheiro que as vítimas pagavam. Posteriormente, os intermediários recebiam cerca de
20% do valor.
Os policiais gaúchos tiveram
acesso a escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, que
comprovavam a participação
de Ribeiro no crime. Ele se
apresentava às vítimas com nome falso, dizendo se chamar
"Róbson" ou "Machadão".
A reportagem tentou falar
com a Polícia Civil do Rio, mas
não conseguiu.
Ribeiro cumpre pena em
Bangu por porte ilegal de arma
e roubo. Ele tem também prisão temporária decretada por
ser suspeito de envolvimento
na morte de uma mulher de 80
anos, no mês passado, em Uruguaiana (649 km de Porto Alegre). Ela sofreu um derrame,
segundo a polícia, causado pelo
impacto de um telefonema de
Ribeiro em que afirmava que
sua filha e seu marido haviam
sido seqüestrados.
Como já está cumprindo pena, Ribeiro será indiciado por
extorsão pela polícia gaúcha
quando for liberado de Bangu.
Ele foi isolado por tempo indeterminado, mas, após a punição, retornará à cela coletiva.
(SIMONE IGLESIAS)
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