São Paulo, quarta, 3 de junho de 1998

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TRANSPORTE
Ferroviários ameaçam protesto hoje em frente à Bolsa de Valores do Rio contra valor de venda da Flumitrens
Greve antiprivatização afeta 400 mil no Rio

PRISCILA LAMBERT
enviada especial ao Rio

Uma greve contra a privatização da Flumitrens (Companhia Fluminense de Trens Urbanos) iniciada ontem afetou o transporte de quase 400 mil pessoas no Rio.
Ontem nenhum trem circulou. A greve deve ser por tempo indeterminado.
Apesar da paralisação, não foram registradas confusões nas estações de trem do Estado.
Segundo o sindicato, houve mais de 90% de adesão à greve. Já a Flumitrens disse que grande parte dos funcionários compareceu ao trabalho, mas foi impedida de exercer suas funções por integrantes do sindicato.
O protesto ocorre principalmente devido ao preço mínimo de venda fixado pelo governo. O sindicato, assim como o Clube de Engenharia, considera o valor mínimo da concessão (R$ 28 milhões) irrisório.
"O governo está entregando de mão beijada o patrimônio público para a iniciativa privada", diz Walmir de Lemos, presidente do Sindicato dos Ferroviários.
Pelo mesmo motivo, os ferroviários do Rio de Janeiro prometem fazer protesto hoje, a partir das 10h, em frente à Bolsa de Valores do Rio, onde ocorrerá o leilão de privatização da Flumitrens.
Cerca de mil homens da Polícia Militar do Rio estarão no local para garantir a segurança durante a manifestação.
Além da privatização, a categoria também reivindica reposição salarial de 15% referente a perdas acumuladas desde maio de 96.
Ação
A Flumitrens entrou na Justiça ontem pela manhã com uma ação contra o movimento da categoria.
A companhia pediu que a greve fosse considerada ilegal, com base na lei que determina que as paralisações de trabalhadores que prestam serviços essenciais à população devem ser comunicadas com 48 horas de antecedência.
Os advogados alegaram ainda que a lei obriga que, no mínimo, 40% dos serviços funcionem durante a greve, o que não ocorreu.
No final da tarde de ontem, representantes do sindicato e da Flumitrens foram de uma reunião de conciliação no TRT (Tribunal Regional do Trabalho). Até as 18h, a reunião não havia terminado.
A assessoria de imprensa do sindicato afirmou, antes do encontro, que a paralisação não iria acabar tão cedo, mesmo que a Justiça considere o movimento abusivo.
A greve só seria rompida, informou o sindicato, se houvesse algum tipo de negociação em relação às reivindicações da categoria.
A manifestação de hoje deve ter a presença de usuários de trens, representantes de associações de bairros e parlamentares.



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