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SEGURANÇA
Proposta é para evitar que filhos virem alvo de sequestradores; colégio decide orientar alunos sobre crime
Para pais, até uniforme é motivo de medo
DA REPORTAGEM LOCAL
A notícia do sequestro de
M.S.H., 16, deixou pais e alunos
apreensivos e fez o Colégio Rio
Branco, onde o garoto estuda,
promover debates sobre esse tipo
de crime. As medidas de seguranças, já severas, vão ser intensificadas, com a elaboração de uma espécie de cartilha anti-sequestro.
Na discussão, até o uniforme da
escola virou motivo de apreensão.
O debate sobre o sequestro foi
uma iniciativa do próprio colégio.
Enquanto os professores informavam a situação de M. aos cerca
de 2.500 alunos e davam dicas de
segurança nas salas de aula, funcionários da administração tentavam conter a ansiedade dos pais
ao telefone.
"Todos ficaram muito apreensivos e o melhor era discutir o problema", disse o diretor-geral do
colégio Rio Branco, Paulo Henrique Camargo Rinaldi.
Monitoramento por câmeras de
vídeo, seguranças por todo o
quarteirão e regras rígidas para a
saída de alunos menores já faziam
parte da rotina do colégio.
Mesmo com o fato de o sequestro de M. ter ocorrido distante da
escola, as medidas de segurança
estão aumentando para tentar
acalmar os pais.
Mais câmeras e seguranças serão o primeiro passo. O próximo
é trazer especialistas em sequestro
para as salas de aula para dar dicas
de como se cuidar. Com essas informações, será elaborada uma
espécie de cartilha anti-sequestro
que será enviada aos pais.
Uniforme
O sequestro do estudante sul-coreano fez muitos pais pensarem
no uniforme de um colégio tradicional como uma ameaça na rua.
Alguns sugeriram à direção que
ele fosse abolido, outros, que o
nome do colégio fosse mais discreto, para dificultar a identificação por possíveis sequestradores.
"Estamos estudando isso. Mas o
uso do uniforme é importante
também para o próprio sistema
de segurança. Sabemos quem é e
quem não é nosso aluno", disse o
diretor-geral.
Rinaldi admite que é bem mais
difícil garantir a segurança dos
adolescentes do que dos alunos
menores. "Orientamos para que
andem em grupo e que evitem ficar na frente da escola", afirmou.
Mas, além do medo, a situação
também revelou momentos de
solidariedade. Com aula pela manhã, os colegas de turma de M., na
2ª série do ensino médio, se comprometeram a rezar todos os dias,
às 18h, onde estivessem, para que
M. fosse libertado o mais rápido
possível.
Medo antigo
O medo vivido por pais e estudantes depois do sequestro de M.
não é uma novidade para o estudante do Colégio Rio Branco A.S.,
14. Três vezes assaltado no caminho de volta da escola e filho de
uma gerente de banco, o garoto já
andava apreensivo pelas ruas de
Higienópolis, com medo de ser
sequestrado.
"Antes eu tirava os óculos depois da aula para ir embora. Agora, coloco os óculos para conseguir ver bem quem está à minha
volta", disse A., que mora a poucas quadras da escola.
"A notícia de que tenho um colega sequestrado serve de alerta de
que isso pode acontecer comigo
também", disse o estudante, que
tenta só andar em grupo pelo
bairro. Das três vezes em que teve
dinheiro roubado, uma ele estava
sozinho e em duas estava acompanhado de um único amigo.
Para ele, apenas o aumento do
policiamento não adianta. "Engraçado que o sequestro aconteceu quase na frente da delegacia anti-sequestro", disse.
(GILMAR PENTEADO)
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