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RIO
Facção criminosa atua em parceria com o Comando Vermelho
Investigações mostram presença do PCC em pelo menos sete favelas
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Investigações reservadas da
Subsecretaria de Inteligência da
Secretaria da Segurança Pública
do Rio e da Draco (Delegacia de
Repressão ao Crime Organizado
da Polícia Civil) revelaram que a
facção criminosa paulista PCC
(Primeiro Comando da Capital)
está atuando em conjunto com o
CV (Comando Vermelho) em pelo menos sete favelas da região
metropolitana do Rio.
Segundo as investigações, há
membros do PCC radicados nos
complexos do Alemão e do Lins
de Vasconcelos e nas favelas do
Turano, Mangueira e Jacarezinho
(zona norte). Também há pessoal
do PCC na favela do Barbante
(zona oeste) e no bairro Jardim
Catarina, em São Gonçalo (cidade
a 20 km do Rio).
A subsecretaria disse que a
aliança PCC-CV tem como objetivo principal a troca de armas e
drogas. O PCC se hospeda em redutos do CV e recebe, da facção
fluminense, permissão para praticar crimes no Rio.
O subsecretário de Inteligência,
Antônio Freire, disse que tem
mantido um intercâmbio de informações com a polícia de São
Paulo e que essa troca permitiu a
ele elaborar um relatório sobre a
aliança. O documento está sob sigilo para, segundo Freire, evitar
que a divulgação atrapalhe o trabalho. Segundo ele, as investigações apontam o traficante Márcio
Nepomuceno, o Marcinho VP, do
CV, e César Roriz da Silva, o Cesinha, do PCC, como os principais
articuladores da aliança. Marcinho VP está preso na penitenciária Bangu 1 (zona oeste). Cesinha
está preso em São Paulo. O subsecretário disse que eles mantiveram contatos quando Cesinha esteve preso em Bangu 1.
As negociações entre PCC e CV
são confirmadas pelo titular da
Draco, delegado Ricardo Hallak.
Segundo ele, membros da facção
paulista já atuam como "matutos" (fornecedores de cocaína e
maconha) para o CV. Hallak disse
haver indícios da participação do
PCC, em parceria com o CV, no
atentado à Secretaria Estadual de
Direitos Humanos em maio.
Segundo ele, há um integrante
do PCC preso no Deic (Departamento de Investigações sobre Crime Organizado de São Paulo)
que, no dia do ataque, estava no
Rio "hospedado" em uma favela
dominada pelo CV.
Uma ação conjunta das facções
foi descoberta em dezembro. Na
ocasião, estariam planejando o
sequestro de um secretário estadual, provavelmente João Pinaud,
de Direitos Humanos.
As suspeitas são reforçadas pelo
fato de as siglas das facções estarem pichadas em favelas do Rio.
A chefe de investigação da DRE
(Divisão de Repressão a Entorpecentes da Polícia Civil), Marina
Maggessi, diz que integrantes do
PCC vêm ao Rio para aprender
técnicas usadas pelo CV, como a
estrutura de uma boca-de-fumo.
Segundo ela, o PCC costuma participar de "bondes" (comboio de
traficantes armados) organizados
pelo CV. Em troca, diz ela, o PCC
facilita a entrada de drogas e armas no Rio, pois as principais rotas passam por São Paulo.
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