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GREVE NA FFLCH
Oferta inclui a contratação, neste ano, de 45 professores e de outros 46 até 2004; estudantes querem 259
Proposta da reitoria divide docentes e alunos
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
A mais recente proposta da reitoria da USP (Universidade de
São Paulo) para tentar pôr fim à
greve dos alunos da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas), que já dura
63 dias, causou um aparente "racha" entre os estudantes e os professores da unidade, que, até então, vêm apoiando o movimento.
Construída nas reuniões da comissão tripartite, formada por
reitoria, alunos e professores, por
sugestão de um grupo de notáveis
da FFLCH, para discutir o fim da
paralisação, a oferta inclui a contratação, neste ano, de 45 docentes (19 a mais do que os 26 já propostos anteriormente) e de outros
46 até 2004, de forma escalonada.
Os grevistas pedem 259 novos
professores imediatamente; a comunidade acadêmica, 115.
"Vitória acachapante", "grande
vitória", "avanço, porém insuficiente" e "fracasso total" foram algumas das avaliações de professores e estudantes a respeito da proposta, durante a plenária da faculdade, realizada na noite de ontem.
De um lado, os docentes se
mostraram satisfeitos com o que
consideraram um duplo sucesso
-acadêmico e político- e pediram o fim da greve dos estudantes, alegando, entre outros, que o
movimento, ainda forte e relativamente coeso, pode ser retomado
nos próximos anos.
"Em negociação não existe resultado 100%. Não é só a reitoria
que terá de ceder. É hora de encerrar a greve, sem que haja rompimento", disse o professor Leonel
Itaussu de Almeida Mello, do Departamento de Ciência Política.
Mas os alunos afirmaram estar
insatisfeitos com o resultado das
negociações. Criticaram o que
chamaram de campanha impositiva pelo fim da greve e questionaram a atitude dos representantes
do grupo na comissão tripartite,
por terem assinado a proposta.
Para alguns dos estudantes, que
eram maioria na plenária, a proposta da reitoria teve justamente
o objetivo de causar uma ruptura
no movimento porque chegou
bem perto do que pediam os professores para este ano. A oferta será votada pelos estudantes hoje à
noite, em assembléia.
Os docentes também se reúnem
amanhã e devem decidir se mantêm ou não o apoio à paralisação.
Divergências
"Tenho certas ressalvas [à proposta" e acho que haverá resistência por parte do movimento para
aceitá-la porque ela mantém uma
defasagem muito grande em relação ao que queremos", disse Antônio David, aluno de filosofia e
membro da comissão tripartite.
"Independentemente de se aceitar ou não o acordo, a faculdade
ainda vai ficar com um número
de professores aquém do necessário para assegurar a qualidade de
ensino", completou Renato Soares dos Santos, de história.
"Houve um avanço considerável em vários níveis. Primeiro, os
alunos foram reconhecidos como
interlocutores permanentes; segundo, a proposta da reitoria prevê uma política de contratação a
médio prazo; terceiro, o documento deixa bem claro que os
professores a serem contratados
vão suprir demandas estritamente didáticas, ou seja, de sala de aula, o que deixa espaço para discussões futuras a respeito das necessidades para pesquisa, extensão e
novos cursos", disse o diretor da
FFLCH, Francis Henrik Aubert,
que classificou a proposta como
historicamente inédita.
"A reitoria fez o máximo que
podia porque temos de olhar o
quadro global da universidade; as
outras unidades também têm necessidades, não é só a FFLCH. Estou otimista", disse Luiz Nunes de
Oliveira, pró-reitor de pesquisa e
membro da comissão tripartite.
A FFLCH tem hoje, segundo a
diretoria da unidade, uma média
de 35,2 alunos por professor,
quando a da USP é de 14 para 1.
Professores reclamam por darem
aulas para até mais de 200 pessoas, mas a reitoria afirma que alguns docentes não dão toda a carga horária prevista e há problemas na grade de disciplinas.
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