|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mulher correu risco de morte após parto
DA SUCURSAL DO RIO
Gabriela de Oliveira Cordeiro,
19, tentou autorização judicial para retirar seu feto com anencefalia. Por causa de ações na Justiça
de grupos religiosos, não pôde interromper a gestação e viu sua filha Maria Vida morrer sete minutos após o parto. Anteontem, o
ministro do Supremo Tribunal
Federal Marco Aurélio de Mello
citou o caso de Gabriela para justificar sua decisão.
O caso de Thiany da Penha, 18,
tem o mesmo enredo, com exceção do final: depois do parto, ela
teve de passar por três transfusões
de sangue e correu risco de morte.
Auxiliada pelo Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero
(conhecido como Anis), prepara-se para entrar com uma ação contra o Estado por danos morais.
"A ação é por causa da demora
da Justiça em tomar uma decisão", esclarece Fabiana Paranhos,
diretora da Anis.
Gabriela e Thyane não quiseram dar entrevistas ontem. Elas
têm tido acompanhamento da
Anis e da promotora Soraya Gaya,
de Teresópolis (região serrana do
Estado do Rio), cidade onde ambas vivem. "Sou contra o aborto,
mas não nesse caso [de anencefalia]", diz a promotora. "Já sabemos de antemão que não vai existir criança nenhuma ali."
A médica Dafne Horowitz, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Genética Clínica, afirma que
ninguém, na entidade, induz a
uma interrupção. "O que fazemos
é, quando solicitados, orientar.
Há pacientes que, por convicção,
não interromperiam a gravidez
em hipótese alguma. E isso deve
ser respeitado", explica a médica.
O movimento católico Pró-Vida, de Anápolis (GO), é o que
mais vinha lutando contra as autorizações judiciais para cirurgias,
tendo atuado, inclusive, contra o
requerimento de Gabriela. Seu líder, o padre Luiz Carlos Lodi da
Cruz, mantém uma página na internet com artigos contra o aborto e a eutanásia, na qual ensina até
como proceder na Justiça.
"O que um médico pode fazer é
dizer para a mãe: "seu neném está
muito doente, a perspectiva de vida é pequena. Dê o máximo de
amor, que eu, como médico, vou
cuidar dele como um moribundo,
mas não vou descartá-lo como
uma mercadoria defeituosa"."
(LUIZ FERNANDO VIANNA)
Texto Anterior: CNBB discutirá um recurso com procurador-geral Próximo Texto: Mundo tem 3 legislações sobre o assunto Índice
|