São Paulo, sábado, 03 de julho de 2004

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HISTÓRIA DE VITÓRIA

Gestante teve corte de 10 cm na barriga para operação, na Grande SP

Médicos extraem tumor de feto de 26 semanas no útero da mãe

Divulgação
Fábia Santana, 28, após cirurgia para tratamento de seu bebê, que se chamará Estefanie Vitória


FERNANDA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Estefanie Vitória vai receber esse nome quando nascer. Ela ainda vive na barriga da mãe, Fábia do Carmo Santana, 28, mas já sofreu uma cirurgia no pulmão para extrair um tumor.
No último domingo, equipe de médicos da Faculdade de Medicina do ABC e do Hospital Universitário de São Bernardo do Campo (Grande São Paulo) realizou a chamada cirurgia "a céu aberto" no pulmão do bebê -com o útero exposto.
O mesmo procedimento já foi realizado no Brasil em casos de bebês com meningomielocele (defeito no fechamento da coluna vertebral).
Segundo Mauro Sancovski, chefe da Obstetrícia da Faculdade de Medicina do ABC e do Hospital Municipal Universitário de São Bernardo do Campo, por meio dos exames pré-natais foi possível acompanhar a evolução do tumor e perceber que a cirurgia era necessária.
"Muitas vezes, é melhor esperar o bebê nascer para operar, mas, nesse caso, se o feto não fosse operado, ele morreria."
Grávida de 26 semanas, Fábia sofreu um corte de dez centímetros na barriga e o líquido amniótico foi retirado por uma sonda para ser armazenado em banho-maria.
Com a ultra-sonografia, os médicos puderam ver qual era a melhor posição em que o feto deveria ficar para ser operado.
O bebê, que pesa em torno de 800 gramas e mede cerca de 30 centímetros, sofreu, então, um corte no tórax, o tumor foi extraído e o líquido amniótico, devolvido. Todo o procedimento com o feto durou 20 minutos.
"A grande preocupação durante a cirurgia é que a mãe não entre em trabalho de parto, pois quando se mexe no útero, sua tendência é contrair e por isso o trabalho do anestesista é tão importante", disse Sancovski.
Segundo o médico, não há ainda uma estimativa do custo total da operação, mas, apenas para ilustrar, dois pregadores, utilizados para segurar o útero da mãe após o corte, custam R$ 5.000 cada um.
"Quando nossa família soube da cirurgia, todo mundo levou um susto, pois a gente nunca tinha ouvido falar nesse tipo de coisa. É um alívio saber que está tudo bem", disse Maria Aparecida da Silva, prima de Fábia.


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