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DESARMAMENTO
Decreto define regras mais rígidas para guardas municipais do que para empresas de segurança privada
Estatuto é mais brando com vigilantes
VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O decreto que regulamenta o
Estatuto do Desarmamento define regras mais rígidas para as
guardas municipais, que são instituições do poder público, do que
para empresas de segurança privada e de transportes de valores.
De acordo com o decreto, os
profissionais das guardas municipais deverão ser submetidos a estágios de qualificação profissional
todos os anos, com uma carga de,
no mínimo, 80 horas. Na regulamentação, não é feita a mesma
exigência para os vigilantes de
empresas particulares.
Com isso, os vigilantes particulares permanecem tendo que fazer apenas um curso de reciclagem a cada dois anos, com 32 horas de atividades práticas e teóricas, conforme disposto na portaria 992/95, da Polícia Federal.
Além disso, os guardas municipais terão que passar, a cada dois
anos, por um teste de capacidade
psicológica. No caso das empresas privadas, seus profissionais terão que comprovar a aptidão psicológica a cada três anos.
Também fica determinado que
o guarda municipal, sempre que
estiver envolvido em um evento
em que tenha havido disparo de
arma de fogo, terá de apresentar
relatório ao comando da Guarda
Civil e ao órgão corregedor.
Para o prefeito de Santana de
Parnaíba (SP), Silvio Peccioli, um
dos coordenadores do Fórum
Metropolitano de Segurança Pública (que reúne 39 prefeitos da
Grande São Paulo), a regulamentação está correta nas exigências
que faz para as guardas municipais, mas é excessivamente branda com as empresas privadas.
Segundo Peccioli, o decreto "demonstra o lobby em pleno funcionamento por parte das empresas
privadas". Ele classificou a maior
rigidez do decreto com as guardas
municipais como "uma subversão aos princípios da lei".
Para Denis Mizne, do Instituto
Sou da Paz, a regulamentação foi
positiva, ao impor regras rígidas
para as duas categorias. "A parte
das guardas municipais está muito boa. Seria um perigo abri-las
desordenadamente", afirmou.
Mizne também aponta como importantes as restrições à vigilância
particular, mas diz "que é grave a
questão da segurança privada, e o
Estatuto do Desarmamento poderia ter avançado mais".
José Jacobson Neto, presidente
do sindicato das empresas de segurança privada de São Paulo, nega que tenha havido pressão por
parte da categoria. "Só se fosse o
lobby burro. Nós iremos pagar
muito mais para obter o registro
das armas [com o decreto]. Vai
passar de R$ 100 e poderá chegar a
R$ 1.300", disse.
Ele afirmou que a lei específica
da segurança privada já é exigente, embora "pudesse ser mais".
Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça, o
tratamento das guardas precisava
ser rigoroso por ser um setor novo, sem regulamentação específica, enquanto a segurança privada
já possui legislação específica.
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