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VIOLÊNCIA
Autor dos tiros diz que foi desacatado e ameaçado
Delegado federal metralha policiais rodoviários na Dutra após bate-boca
DAS REGIONAIS, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
DO "AGORA"
Um delegado da Polícia Federal
de São Paulo disparou pelo menos nove tiros de submetralhadora contra dois policiais rodoviários federais, ontem, após uma
discussão às margens da via Dutra, em Taubaté (130 km de SP).
Conforme o inspetor-chefe da
Polícia Rodoviária Federal em
Taubaté, Waldiwilson dos Santos,
o delegado alegou ter sido desacatado pelos policiais, que o ameaçaram. Segundo ele, o autor dos
disparos é Silvio César Fernandes
Dias, da Delegacia de Repressão a
Entorpecentes (DRE) da PF.
Mauro Marsilha dos Reis Filho,
36, e José Roberto de Toledo, 39,
foram feridos nas pernas e não
correm risco de morte.
A PF informou ontem que foi
aberta uma sindicância para apurar o incidente, mas não divulgou
o nome do delegado envolvido
-alegando questões de segurança. Ele não será afastado durante
as investigações. O mesmo procedimento foi adotado pelo comando da Polícia Rodoviária Federal
(PRF) no Vale do Paraíba.
Segundo o inspetor-chefe da
PRF, por volta da 1h30 de ontem,
os dois policiais atendiam a uma
ocorrência de acidente no km 114
da Dutra, após um ônibus atropelar dois cavalos. Nesse momento,
três delegados e pelo menos dez
agentes da PF se aproximaram
em carros descaracterizados, trafegando pelo acostamento.
Segundo o inspetor, o delegado
Dias informou aos policiais rodoviários que estava em perseguição
a dois suspeitos de tráfico de entorpecentes que, supostamente,
escoltavam uma Kombi na qual
foram apreendidos 900 kg de maconha. Dias determinou que a
pista fosse liberada. Os policiais,
porém, alegaram ser impossível
desobstruir a pista naquele momento, o que motivou a primeira
discussão.
Após cerca de 30 minutos,
quando a pista foi liberada, Dias
continuou a perseguição. Após
perder a pista dos suspeitos, os
delegados voltaram ao local do
bloqueio. Com uma submetralhadora nas mãos, ele se aproximou
de Toledo, que estava dentro do
carro. Segundo o inspetor-chefe,
o delegado ameaçou fazer uma
queixa contra os dois policiais por
terem obstruído o trabalho dele.
Teve início uma nova discussão
entre os dois e, em seguida, Dias
disparou a submetralhadora contra Toledo, que foi atingido duas
vezes na perna esquerda. Reis,
que ainda permanecia no carro,
foi em direção ao delegado e também foi atingido por sete tiros.
Dias ainda anunciou a prisão de
Toledo e de Reis e os algemou.
O porta-voz da PF em São Paulo, Wagner Castilho, disse que o
delegado agiu em "legítima defesa". Segundo ele, os policiais desacataram Dias. "Eles disseram que
ali ele não mandava nada."
Ainda segundo Castilho, no
momento em que Dias, na companhia de outro delegado, voltou
ao local do acidente para prender
Reis e Toledo por desacato, os policiais teriam se negado a se identificar e sacaram suas armas.
"As duas corporações sempre
trabalharam juntas, e nunca houve atritos. Esse foi um fato lamentável e isolado", disse o inspetor-chefe. Segundo ele, a alegação do
delegado de desacato "foi uma
maneira que ele usou para se encobrir de um fato lamentável".
O pai de Toledo, o comerciante
Pedro Neves de Toledo, 66, afirmou que Dias agiu com covardia.
"Esse delegado tem que explicar o
que aconteceu de tão grave para
ele chegar a esse ponto."
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