São Paulo, sábado, 03 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EDUCAÇÃO

Reitor pediu reintegração de posse à Justiça; encapuzados retiraram servidores do local com empurrões

Estudantes invadem reitoria da Unicamp

ANA PAULA MARGARIDO
DA FOLHA CAMPINAS

Um grupo de 200 estudantes das três universidades estaduais paulistas -USP (Universidade de São Paulo), Unesp (Universidade Estadual Paulista) e Unicamp (Universidade Estadual de Campinas)-, que estão em greve há 37 dias, tomou o prédio da reitoria da Unicamp ontem à tarde. Algumas unidades da Unesp estão paradas há mais tempo.
A invasão ocorreu após uma manifestação do Fórum das Seis (entidade que representa os sindicatos das universidades) na Unicamp, que contava com cerca de mil participantes. A entidade tentava retomar as negociações pela reposição salarial de 9,4%.
Uma comissão de imprensa formada pelos estudantes disse que a intenção é pressionar o governador para que faça audiência pública para discutir a qualidade de ensino público nas universidades.
Um dos invasores informou à Folha que o grupo quer melhoria da assistência estudantil, expansão da universidade, aumento do repasse do ICMS para as universidades e aumento salarial dos funcionários e servidores.
A invasão ocorreu de forma orquestrada. Os estudantes formaram dois blocos e bloquearam os dois únicos acessos à reitoria. Ao se depararem com as portas fechadas, arrombaram a entrada principal e quebraram os vidros.
Aos gritos de "a reitoria é nossa", os estudantes exigiram a saída dos representantes do Cruesp (conselho de reitores das universidades estaduais).
O reitor da Unicamp, Carlos Henrique Brito Cruz, que preside o Cruesp, foi obrigado a deixar seu gabinete por um acesso secundário. Outros 60 funcionários foram retirados com empurrões.
Para impedir a entrada de novos funcionários, os estudantes armaram uma barricada na entrada principal da reitoria usando os dois sofás da recepção.
Enquanto estavam dentro da reitoria, em assembléia, os alunos usavam camisetas na cabeça para não serem identificados.

Reintegração
Cruz afirmou que entrou com um pedido de reintegração de posse na Justiça. "Isso é um movimento antidemocrático e fascista", disse. Segundo ele, os estudantes o ofenderam com palavrões. O reitor, no entanto, informou que vai evitar que a desocupação seja feita pela polícia.
No hora da tomada, segundo ele, havia cerca de 20 dos 420 seguranças, que não reagiram.
Segundo Cruz, vários processos que estavam no prédio -como documentos para contratação de professores- podem sumir. Segundo ele, vários papéis estavam espalhados pelos corredores.
Segundo o coordenador do Fórum das Seis, Milton Vieira do Prado Júnior, 36, o ato é do movimento estudantil e isolado. A entidade ainda não avaliou as conseqüências do ato nas negociações. Na hora da invasão, uma comissão do Fórum das Seis iria entregar um documento ao Cruesp.
Até a conclusão desta edição, os estudantes não tinham deixado o local. No estacionamento da reitoria, havia mochilas e cobertores, indicando que iria haver vigília.


Texto Anterior: Violência: Delegado federal metralha policiais rodoviários na Dutra após bate-boca
Próximo Texto: Aluno deve ir a local de prova da Unesp
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.