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EDUCAÇÃO
Reitor pediu reintegração de posse à Justiça; encapuzados retiraram servidores do local com empurrões
Estudantes invadem reitoria da Unicamp
ANA PAULA MARGARIDO
DA FOLHA CAMPINAS
Um grupo de 200 estudantes
das três universidades estaduais
paulistas -USP (Universidade
de São Paulo), Unesp (Universidade Estadual Paulista) e Unicamp (Universidade Estadual de
Campinas)-, que estão em greve
há 37 dias, tomou o prédio da reitoria da Unicamp ontem à tarde.
Algumas unidades da Unesp estão paradas há mais tempo.
A invasão ocorreu após uma
manifestação do Fórum das Seis
(entidade que representa os sindicatos das universidades) na Unicamp, que contava com cerca de
mil participantes. A entidade tentava retomar as negociações pela
reposição salarial de 9,4%.
Uma comissão de imprensa formada pelos estudantes disse que a
intenção é pressionar o governador para que faça audiência pública para discutir a qualidade de ensino público nas universidades.
Um dos invasores informou à
Folha que o grupo quer melhoria
da assistência estudantil, expansão da universidade, aumento do
repasse do ICMS para as universidades e aumento salarial dos funcionários e servidores.
A invasão ocorreu de forma orquestrada. Os estudantes formaram dois blocos e bloquearam os
dois únicos acessos à reitoria. Ao
se depararem com as portas fechadas, arrombaram a entrada
principal e quebraram os vidros.
Aos gritos de "a reitoria é nossa", os estudantes exigiram a saída dos representantes do Cruesp
(conselho de reitores das universidades estaduais).
O reitor da Unicamp, Carlos
Henrique Brito Cruz, que preside
o Cruesp, foi obrigado a deixar
seu gabinete por um acesso secundário. Outros 60 funcionários
foram retirados com empurrões.
Para impedir a entrada de novos funcionários, os estudantes
armaram uma barricada na entrada principal da reitoria usando
os dois sofás da recepção.
Enquanto estavam dentro da
reitoria, em assembléia, os alunos
usavam camisetas na cabeça para
não serem identificados.
Reintegração
Cruz afirmou que entrou com
um pedido de reintegração de
posse na Justiça. "Isso é um movimento antidemocrático e fascista", disse. Segundo ele, os estudantes o ofenderam com palavrões. O reitor, no entanto, informou que vai evitar que a desocupação seja feita pela polícia.
No hora da tomada, segundo
ele, havia cerca de 20 dos 420 seguranças, que não reagiram.
Segundo Cruz, vários processos
que estavam no prédio -como
documentos para contratação de
professores- podem sumir. Segundo ele, vários papéis estavam
espalhados pelos corredores.
Segundo o coordenador do Fórum das Seis, Milton Vieira do
Prado Júnior, 36, o ato é do movimento estudantil e isolado. A entidade ainda não avaliou as conseqüências do ato nas negociações.
Na hora da invasão, uma comissão do Fórum das Seis iria entregar um documento ao Cruesp.
Até a conclusão desta edição, os
estudantes não tinham deixado o
local. No estacionamento da reitoria, havia mochilas e cobertores,
indicando que iria haver vigília.
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