|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FRANCISCO PAPATERRA LIMONGI NETO (1921-2010)
O intérprete de Guimarães Rosa
ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO
Cena comum para os filhos de Francisco Papaterra
Limongi Neto era vê-lo declamar poemas como "Navio
Negreiro", de Castro Alves.
Paulistano do Brás e neto
de italianos, Francisco formou-se em direito pela USP,
nos anos 40. Nessa época, integrou a caravana artística
da faculdade e conheceu o
músico Paulo Vanzolini, que
o inspirou a fazer poesias.
Seus textos tiveram duas
linhas: uma, baseada na do
amigo músico, falava da malandragem por meio de um
personagem negro que gostava de samba e pedia para a
seleção ser campeã em 1958
com a promessa de que começaria, enfim, a trabalhar.
A outra, mais original, trazia tipos italianos e misturava a língua de seus antepassados com o português.
O grande mérito da produção de Francisco está na oralidade, na interpretação. Por
isso, registrou a obra em CD.
No fim dos anos 80, ficou
viúvo e, devido a um problema nos olhos, perdeu 70% da
visão. Casou-se novamente
com uma mineira e seu mudou para Itamonte (MG). Aí,
comprou uma máquina de
ampliar textos e passou a se
dedicar a Guimarães Rosa.
Falava, baixinho, trechos
inteiros do autor, com gestos
contidos. Era como se fosse o
próprio Riobaldo, do clássico
"Grande Sertão: Veredas".
Apresentou-se até em Cordisburgo (MG), cidade de
Guimarães. Há anos aposentado como desembargador,
vinha sempre a SP, trazido
pela USP, para interpretar.
Na terça, morreu aos 89,
de falência de órgãos. Teve
seis filhos e 12 netos. A missa
de sétimo dia será na segunda, às 19h30, na capela do
Colégio Santa Cruz, em SP.
coluna.obituario@uol.com.br
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Com baixo alcance, Saúde da Família patina em SP Índice
|