São Paulo, Sábado, 03 de Julho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SAÚDE
Porto Alegre e São Paulo ocupam o 2º e 3º lugares entre as capitais com maiores índices de óbito por ataque cardíaco
Rio lidera mortes por infarto no Brasil

LETÍCIA KFURI
free-lance para a Folha

Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo são, pela ordem, as três cidades com maior incidência de mortes por infarto agudo do miocárdio, entre as oito mais populosas capitais do país.
Os dados são de um levantamento realizado em hospitais das redes pública e privada em seis anos alternados, entre 1980 e 1996, por Antônio Luis Brasileiro, integrante da Comissão Científica da Sociedade de Cardiologia do Rio de Janeiro, e divulgado ontem durante um congresso da Sociedade dos Cardiologistas do Estado do Rio.
No levantamento mais recente, de 1996, o Rio aparece com 82 mortes por infarto por cada 100 mil habitantes. Já Porto Alegre teve 70 óbitos por 100 mil habitantes no mesmo ano. Em São Paulo, o número de mortes por 100 mil habitantes foi de 67 no mesmo ano.
A capital que apresentou a menor incidência de mortes por infarto em 96 foi Salvador, com 23 casos por 100 mil habitantes.
O estudo baseia-se em informações populacionais fornecidas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e de mortalidade, pesquisadas junto à Fundação Nacional de Saúde.
Um estudo de causas foi feito apenas no Rio de Janeiro, onde se detectou que em 45,9% das emergências públicas do município não havia condições mínimas de atendimento a pacientes com infarto.
"Em muitas unidades no Rio não havia nem pessoal treinado para socorrer um infartado, nem equipamentos adequados", disse Brasileiro. Entre os hospitais particulares do Rio, apenas 4,5% foram consideradas sem condições de atendimento.
O presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Rafael Luna, alertou para a incidência de um número considerado reduzido de mortes em Salvador. "Acredito que a maior parte dos casos pode não ter sido informada pela Secretaria de Saúde", disse Luna.
De acordo com a Sociedade de Cardiologia do Rio, 500 mil pessoas morrem por ano no Brasil de problemas de coração, e pelo menos 300 mil dessas mortes são causadas por infarto. De acordo com Brasileiro, o simples ato de mastigar duas aspirinas infantis reduz em 23% o risco de morte de um paciente que está tendo infarto.
Segundo ele, o maior problema enfrentado pela classe médica é a falta de conscientização quanto ao uso das "drogas trombolíticas" (medicamentos que, injetados na veia, ajudam a dissolver o coágulo que provoca o infarto).
"Sabemos que em muitas emergências não é aplicado o trombolítico porque é preciso acompanhar o paciente durante uma hora. Na maioria das vezes o médico não tem tempo e transfere o paciente. Só que nem sempre dá tempo", disse Brasileiro.


Texto Anterior: Presos terminam greve de fome de 11 dias e voltam para a Argentina
Próximo Texto: Ensino à distância é posto sob suspeita
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.