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SAÚDE
Porto Alegre e São Paulo ocupam o 2º e 3º lugares entre as capitais com maiores índices de óbito por ataque cardíaco
Rio lidera mortes por infarto no Brasil
LETÍCIA KFURI
free-lance para a Folha
Rio de Janeiro, Porto Alegre e
São Paulo são, pela ordem, as três
cidades com maior incidência de
mortes por infarto agudo do miocárdio, entre as oito mais populosas capitais do país.
Os dados são de um levantamento realizado em hospitais das redes
pública e privada em seis anos alternados, entre 1980 e 1996, por
Antônio Luis Brasileiro, integrante
da Comissão Científica da Sociedade de Cardiologia do Rio de Janeiro, e divulgado ontem durante
um congresso da Sociedade dos
Cardiologistas do Estado do Rio.
No levantamento mais recente,
de 1996, o Rio aparece com 82 mortes por infarto por cada 100 mil habitantes. Já Porto Alegre teve 70
óbitos por 100 mil habitantes no
mesmo ano. Em São Paulo, o número de mortes por 100 mil habitantes foi de 67 no mesmo ano.
A capital que apresentou a menor incidência de mortes por infarto em 96 foi Salvador, com 23
casos por 100 mil habitantes.
O estudo baseia-se em informações populacionais fornecidas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) e de mortalidade, pesquisadas junto à Fundação Nacional de Saúde.
Um estudo de causas foi feito
apenas no Rio de Janeiro, onde se
detectou que em 45,9% das emergências públicas do município não
havia condições mínimas de atendimento a pacientes com infarto.
"Em muitas unidades no Rio não
havia nem pessoal treinado para
socorrer um infartado, nem equipamentos adequados", disse Brasileiro. Entre os hospitais particulares do Rio, apenas 4,5% foram
consideradas sem condições de
atendimento.
O presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Rafael Luna,
alertou para a incidência de um
número considerado reduzido de
mortes em Salvador. "Acredito
que a maior parte dos casos pode
não ter sido informada pela Secretaria de Saúde", disse Luna.
De acordo com a Sociedade de
Cardiologia do Rio, 500 mil pessoas morrem por ano no Brasil de
problemas de coração, e pelo menos 300 mil dessas mortes são causadas por infarto. De acordo com
Brasileiro, o simples ato de mastigar duas aspirinas infantis reduz
em 23% o risco de morte de um paciente que está tendo infarto.
Segundo ele, o maior problema
enfrentado pela classe médica é a
falta de conscientização quanto ao
uso das "drogas trombolíticas"
(medicamentos que, injetados na
veia, ajudam a dissolver o coágulo
que provoca o infarto).
"Sabemos que em muitas emergências não é aplicado o trombolítico porque é preciso acompanhar
o paciente durante uma hora. Na
maioria das vezes o médico não
tem tempo e transfere o paciente.
Só que nem sempre dá tempo",
disse Brasileiro.
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