CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

Universitários de todo o país decidem hoje, durante o 46º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), se a entidade passará a ter eleições diretas. A informação foi dada ontem pelo vice-presidente da UNE, Márcio Jardim, que defende a mudança no sistema de escolha.
A decisão sobre a forma da eleição será feita durante a reunião plenária, no ginásio do Mineirinho. O congresso será encerrado amanhã com a eleição de uma nova diretoria, ainda de acordo com as regras anteriores.
A disputa está sendo marcada por troca de acusações entre as tendências que atuam na UNE. O presidente da entidade, Ricardo Cappelli, ligado ao PC do B, acusa a oposição de estar a serviço da direita ao propor a mudança no sistema eleitoral.
Já o vice-presidente, Márcio Jardim, ligado ao PT, diz que a recusa do PC do B tem o objetivo de manter sua hegemonia no poder da UNE, que já dura oito anos.
Pelo estatuto atual da UNE, a escolha da direção é feita pelos delegados eleitos nas faculdades brasileiras, que votam em chapas apresentadas durante o congresso pelas diversas tendências do movimento estudantil.
Cada curso universitário tem direito de enviar ao congresso pelo menos um delegado, escolhido de forma direta pelos estudantes. Se o curso tiver mais de 600 alunos, pode escolher mais um delegado a cada 400 alunos. Cada delegado tem direito a um voto.
Apurado o número de votos, as chapas têm o direito de indicar uma quantidade de diretores proporcional à sua votação. A mais votada indica o presidente e, em seguida, as demais indicam um dirigente em ordem decrescente do número de votos até que os 51 cargos tenham sido preenchidos.
Cerca de 5.000 delegados podem participar da votação. Até ontem, Cappelli não sabia quantos iriam a Belo Horizonte nem com quantos a chapa Refazendo, apoiada por ele e pelo PC do B, poderia contar.



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