São Paulo, Sábado, 03 de Julho de 1999
Texto Anterior | Índice

SANTOS
Mecânico fazia manutenção em máquina; morte foi a quarta em menos de uma semana
Operário morre em acidente no porto

KAMILA FERNANDES
da Agência Folha

FAUSTO SIQUEIRA
da Agência Folha, em Santos

Um trabalhador do porto de Santos morreu na manhã de ontem devido a um acidente no trabalho. A vítima foi o mecânico Wilson Ferreira da Silva Filho, 26, que foi arrastado pela esteira de uma máquina em funcionamento enquanto fazia sua manutenção.
Só este ano, sete pessoas morreram no porto. A morte de ontem foi a quarta em uma semana.
O funcionário que morreu ontem era empregado da Teaçu Armazéns Gerais, empresa açucareira arrendatária no porto.
O gerente Álvaro Pereira, da Teaçu, disse que esse é o primeiro acidente na empresa em dois anos. A empresa aguarda laudo da Polícia Civil sobre a morte do mecânico para intensificar esquema de segurança no trabalho.
Segundo a Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo), estatal que controla o porto de Santos, o presidente da companhia, Wagner Rossi, está convocando, para a próxima segunda-feira, uma reunião com representantes do Ministério Público, sindicatos e operadores do porto, para discutir a segurança do trabalho dos funcionários do local.
O segundo-secretário do Sindicato dos Operários Portuários, Claudemiro Igreja, avalia que o número de mortes tende a crescer ainda mais no decorrer do ano.
Igreja disse que o trabalhador morto fazia a manutenção de uma máquina em movimento, o que não seria permitido, por falta de segurança. A empresa alega que o serviço do mecânico era rotineiro, sendo necessária a manutenção da máquina em movimento.
O sindicalista afirma que as condições de trabalho dos funcionários do porto não são adequadas e que, com a crise atual, os operários não têm opções.
O Sindicato dos Operários Portuários iria participar, ontem à noite, de uma reunião para discutir, entre outros assuntos, as mortes que vêm ocorrendo no porto.
A Codesp informa não saber o motivo do acidente, mas afirma que, provavelmente, o funcionário teria ficado preso, pela roupa, na máquina. A companhia diz que está abrindo sindicância para apurar as quatro mortes ocorridas nos últimos dias. No acidente anterior, três funcionários morreram quando a estrutura de alumínio do teto de um armazém despencou.


Texto Anterior: Vice-presidente defende proposta
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.