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TRANSPORTE
Após seis meses de "tolerância", prefeitura triplica apreensões de lotações irregulares
Marta fecha cerco aos perueiros
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Após seis meses "tolerando" a
atuação dos perueiros na cidade
de São Paulo, a administração
Marta Suplicy (PT) resolveu apertar a fiscalização: 1.529 lotações
foram apreendidas em julho, quase 50 por dia, triplicando a média
mensal até então. A quantidade é,
de longe, recorde na gestão petista. A maior marca deste ano era
de junho, quando 798 veículos foram levados aos pátios da
SPTrans (São Paulo Transporte).
Das 1.529 lotações apreendidas
no mês passado, 1.228 eram clandestinas. Para retirar cada uma, os
perueiros gastam mais de R$
4.000. As demais estão entre as
quase 6.000 cadastradas, mas foram retidas por apresentar outras
irregularidades. Por exemplo:
transporte de passageiros em pé.
Nesses casos, os veículos ficam 24
horas sem poder circular, mas os
motoristas gastam apenas R$ 38.
O cerco aos perueiros é resultado do acordo feito com as empresas de ônibus em maio. Na época,
Marta aumentou a tarifa de R$
1,15 para R$ 1,40, prometeu combater a concorrência clandestina
e, em troca, obteve a promessa de
que mil novos ônibus estariam
nas ruas até outubro.
O objetivo de recuperar parte
dos passageiros ao sistema, porém, não está sendo atingido. O
Transurb (sindicato das viações)
diz que, em julho, foram transportados 83 milhões, queda de
5,7% em relação ao mesmo mês
de 2000, quando 88 milhões usaram os ônibus. "Eles dizem que
estão fiscalizando as peruas, mas
não há influência nenhuma na receita das empresas", diz Sérgio
Pavani, presidente da entidade.
A SPTrans atribui a elevação das
peruas apreendidas a uma mudança de planejamento da fiscalização, que permitiu maior agilidade. O ritmo em julho, atingindo
1.529 apreensões, superou até
mesmo aquele dos dois últimos
anos do governo Celso Pitta
(PTN). De janeiro a julho de 1999,
os fiscais apreendiam, em média,
687 por mês. No mesmo período
de 2000, a média mensal era de
1.294. Nessa época, apenas os
clandestinos acabavam retidos.
A nova posição da gestão Marta
também reacende a guerra entre a
prefeitura e a categoria. Mesmo
antes da ampliação das blitze, a
reação dos perueiros já assustava.
Eles são suspeitos de incendiar ou
depredar um ônibus a cada dois
dias, em média, no primeiro semestre deste ano. Em 2000, a média era de um a cada três dias.
Entre as retaliações mais recentes à fiscalização da SPTrans está a
destruição de um dos novos ônibus do lote de mil prometido pelas viações. Em 8 de julho, perueiros incendiaram um zero-quilômetro da viação Bola Branca, em
Cidade Ademar (zona sul).
No último dia 31, houve outra
retaliação violenta: um grupo de
30 cercou três carros da fiscalização, na Lapa (zona oeste), agredindo-os com paus e pedras e jogando bombas caseiras.
Laercio Ezequiel dos Santos, líder dos clandestinos da zona sul,
ameaçou jogar sangue de animais
em prédios municipais em protesto contra a prefeitura.
Ontem ele voltou atrás e disse
que vai encomendar pétalas de
rosas para jogar no Palácio das Indústrias, durante uma manifestação na próxima terça-feira. "A fiscalização nunca esteve tão violenta. Estou até com saudades do Pitta", disse Santos, que já foi preso,
no ano passado, por incitar a destruição de veículos da prefeitura.
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