São Paulo, sexta-feira, 03 de agosto de 2001

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AMBIENTE

Escavação irregular em Barueri pode provocar ruptura de interceptor da Sabesp e provocar prejuízo de R$ 330 milhões

Retirada de areia ameaça rede de esgoto

MELISSA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A escavação irregular de areia na lagoa Carapicuíba, em Barueri, Grande São Paulo, está ameaçando romper um interceptor da Sabesp que transporta 8.000 litros de esgoto por segundo.
Segundo a Sabesp, as empresas Inesal Indústria Extrativa Santos Ltda. e Mineradora Raf Ltda. estão escavando a lagoa sem respeitar o limite estabelecido pelo DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), que exige uma faixa de segurança de 70 a 100 metros do interceptor. No ponto crítico entre as escavações e a tubulação, existe uma distância de somente 12 metros.
A tubulação, de 9,6 metros de extensão, transporta o esgoto dos municípios de Jandira, Itapevi, Barueri, Carapicuíba, Osasco, Taboão da Serra, parte de Cotia e de Embu, além da maior parte do esgoto produzido na capital.
A Estação de Tratamento de Esgotos Barueri recebe o esgoto transportado pelo interceptor.
Técnicos da Sabesp acreditam que há um grande risco de a tubulação se romper por falta de um apoio externo. Com a pressão no interior do tubo, qualquer movimento poderia fazer o interceptor se romper, segundo Reinaldo Bazana, engenheiro e gerente de interceptação da Sabesp.
Caso o rompimento aconteça, a água da lagoa pode invadir a tubulação e inundar a estação de tratamento, causando um prejuízo de R$ 330 milhões. Seriam necessários três anos para recuperá-la. O esgoto do tubo seria lançado nos rios Tietê e Pinheiros.
Segundo Bazana, a Sabesp sabia da extração desde julho de 99, mas não imaginou que a situação pudesse piorar tanto. A empresa diz que vem realizando testes para avaliar o nível das escavações. Segundo Bazana, de fevereiro (data do primeiro teste) até julho foram extraídos oito metros de areia ao lado do interceptor.
A Sabesp decidiu entrar com uma ação na Justiça contra a extração de areia na lagoa.
No último dia 27, foi concedida liminar determinando a paralisação das atividades. Sócio da Inesal, José Bonifácio dos Santos, disse que entrará com recurso. "Vamos apresentar nossas razões de fato e de direito e tomar as medidas necessárias para provar que não fomos nós que fizemos isso." Na Mineradora Raf, ninguém foi achado para falar sobre o assunto.



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