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SEGURANÇA
Dois homens e uma mulher, que filmavam ação da tropa de choque em Osasco, disseram estar a serviço da Folha
Falsos jornalistas agem em operação da PM
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois homens e uma mulher foram flagrados, na manhã de ontem, ao tentarem passar por jornalistas da Folha durante operação da Polícia Militar para a retirada de sem-teto de uma área pública em Osasco (Grande SP).
Os dois homens alegaram prestar serviços ao jornal, e um deles,
que carregava uma filmadora,
chegou a mostrar uma carteira
falsa da empresa.
Após serem descobertos por
outros repórteres, os falsos jornalistas conversaram, por vários minutos, com os PMs que participavam da operação. Acabaram sendo liberados pela polícia, sem
maiores explicações.
Cerca de 400 policiais estavam
ontem na região do terreno no
Jardim Ester, ocupado por cerca
de 600 famílias na madrugada do
último sábado. Os policiais iriam
cumprir mandado de desocupação da área -cassado no começo
da tarde de ontem. Jornalistas de
diferentes veículos acompanhavam as mediações entre policiais e
sem-teto desde as 6h.
Informada de que três pessoas
se faziam passar por profissionais
do jornal, a reportagem da Folha
questionou um deles, que falava
ao telefone com uma pessoa que
disse ser seu chefe, para que mostrasse uma identificação. O falso
repórter afirmou "prestar serviços" à Folha e não respondeu para quem se reportava. Apresentou-se como Alexandre, mas se
recusou a mostrar a identidade.
O segundo falso repórter também se disse prestador de serviços, mesmo segurando uma filmadora. Após discussões com
sem-teto e jornalistas, ele mostrou um falso crachá da Folha.
O candidato ao governo do Estado pelo PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado),
Dirceu Travesso, que representava os sem-teto, chamou dois policiais para que exigissem a identificação dos dois homens.
Liberados
Os PMs olharam as identidades
dos dois e também pediram documentos de alguns repórteres de
outros veículos. Na confusão, os
dois homens foram embora.
O major Walber Ferreira Moreno, que participava da operação,
admitiu que houve uma falha da
PM, já que, o correto, seria levá-los a delegacia, uma vez que apresentaram documentos falsos. Mas
disse que não tinha conhecimento do caso e que iria averiguar assim que a operação de desocupação terminasse.
Mais tarde, os dois homens foram vistos com PMs, que se recusaram a identificá-los. Após serem fotografados pela Folha, foram embora. A terceira pessoa
que estava com os falsos repórteres, uma mulher, também não
quis declarar seu nome.
Os três deixaram o local em
uma Ipanema azul de placa BPA-3142. A Folha verificou a placa no
cadastro estadual de veículos e
não encontrou a numeração.
Norma interna da tropa de choque prevê a filmagem de suas operações. O uso de placas "frias"
também é comum em serviços reservados da Polícia Militar.
O coronel Tomáz Alves Cangerana, comandante do policiamento de choque e um dos que chefiavam a operação em Osasco, confirmou que havia policiais à paisana e disse que os três poderiam ser
do serviço reservado, mas alegou
que não poderia fazer o reconhecimento por não tê-los visto.
"Não deu para verificar"
A reportagem da Folha apontou
um deles ao major Moreno, que
disse não reconhecê-lo. "Não é
meu policial militar, do 14º batalhão. Vou checar." Por volta das
14h30, quando a operação de desocupação já estava cancelada,
Moreno disse não ter novidades.
"Não deu para eu verificar."
Posteriormente, a Folha voltou
a procurar Cangerana três vezes.
Em duas, sua secretária informou
que ele estava "em reunião". Na
última, cerca das 18h, a assistente
disse que ele encontrava-se na rua
e não poderia ser localizado.
A reportagem foi então atendida pelo coronel Cruz. Segundo
ele, o reconhecimento das fotos
dos falsos jornalistas só poderia
ser feita por meio de um pedido
formal da Folha.
Apesar de o procedimento ser
"simples", afirmou o oficial, não
havia chance de a identificação
ser realizada ontem. "Nosso horário já está encerrando", disse.
Em seguida, Cruz reforçou a
importância da queixa formal,
"arrolando testemunhas, citando
testemunhas, com um pouco de
embasamento. Havia várias pessoas lá, repórteres, TVs, curiosos,
pessoas filmando por conta, fotografando por conta, não são nem
free-lancers, havia pessoas da prefeitura. Tinha uma variedade
muito grande de pessoas, não era
só policial e invasor".
A Folha registrou boletim de
ocorrência no 77º Distrito Policial
(Santa Cecília, região central).
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