São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2008

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Passeio romântico de helicóptero com direito a hotel de luxo atrai casais

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Tinha um quê de "Central Park West" o vôo panorâmico do casal Liliane e Fernando Bondezan sobre São Paulo. O seriado americano dos anos 90 mostra a mulherada endinheirada de Nova York passando a mão nas bolsas francesas e indo de helicóptero às mansões multimilionárias do balneário dos Hamptons.
Pacotes oferecidos por empresas da táxi aéreo do Campo de Marte têm sido usadas por casais para que o noivo (mulher desavisada) faça o pedido de casamento no ar.
E o negócio não pára por aí. Por R$ 1.750, divisíveis em três vezes, o vôo romântico inclui recepção à luz de velas com flores e champanhe no gelo, jantar num restaurante francês e pernoite em hotel de luxo da capital.
"Ela nunca tinha voado de helicóptero. A mulher entra no clima. É excitante do começo ao fim", diz Fernando, que desde a primeira vez comemora o aniversário de casamento com ela no ar (e no hotel).
"Onde tem mulher tem competição. Minhas amigas ficaram com inveja, mas elas têm de arrumar um marido desse", afirma Liliane, que indicou o pacote a um casal de amigos que seguiu os passos dela e do marido e selaram o pedido de casamento no ar.
O vôo passa pelas principais atrações de São Paulo, como a Pinacoteca do Estado, a catedral da Sé, o teatro Municipal, o edifício Itália, o estádio do Pacaembu, a avenida Paulista e o parque Ibirapuera; vira-e-mexe, tem um rasante.
"É diferente fazer um passeio desses, bem melhor do que ir diretamente ao hotel, a gente chega mais animado", diz Fernando.
Piloto de avião, passou a lua-de-mel com a mulher em Parati, ele próprio conduzindo a aeronave, ela no cockpit.
Curiosamente, diz o piloto Dragan Mijackovic, um iugoslavo naturalizado brasileiro, houve um caso em que a mulher disse não ao pedido de casamento. "Quando chegou ao hotel ela não quis ficar, voltou no helicóptero, fez um escândalo", afirma o piloto. "Já teve beijo, mas nunca vi nada mais pesado", completa Mijackovic, que leva o casal ao hotel Sofitel, na av. Sena Madureira.
O passeio foi criado, diz o comandante Jorge Bitar Neto, diretor da Helimarte, empresa que oferece o pacote romântico, para colocar a frota de helicópteros em funcionamento durante o período noturno.
Outras empresas fazem vôos panorâmicos, sem hotel, por preço médio de R$ 700 por meia hora. Pacote parecido é oferecido pela Fly Away, que também sai do Campo de Marte, mas vai ao Blue Tree Towers, da avenida Faria Lima.
Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), São Paulo tem hoje a maior frota de helicópteros do país, com 480 aeronaves, contra 374 em 1999 (os dados de dez anos atrás foram perdidos num incêndio). Em seguida vem o Rio, com 238 aparelhos.
O tráfego no céu de São Paulo levou o jornal britânico "The Guardian" a publicar recentemente reportagem de página inteira em que compara a cidade a um "episódio real sul-americano do programa de TV "Os Jetsons'".


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