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TRANSPORTE
Barreiras foram montadas em protesto contra aumento de tarifa de ônibus
Alunos param trânsito em Salvador
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Uma manifestação organizada
principalmente por estudantes
secundaristas contra o reajuste da
tarifa básica do transporte coletivo de Salvador parou a capital
baiana, a terceira maior cidade do
país, durante todo o dia de ontem.
O protesto começou às 9h,
quando cerca de 15 mil estudantes, segundo a PM, promoveram
um "arrastão" simultâneo em vários pontos da cidade, interditando as principais ruas e avenidas.
Sem um "plano de ação" definido, os jovens alternavam longas e
lentas caminhadas nas avenidas
de maior fluxo e tentavam impedir a passagem dos veículos -colocavam pedras nas ruas e ficavam sentados ou deitados na pista, sob um calor de 31C.
Bairros localizados na periferia,
onde está a maior parte das 22
empresas que operam o sistema
de transporte coletivo da capital
baiana, também foram "ocupados". Temendo o aumento da
confusão, muitos comerciantes
mantiveram os seus estabelecimentos fechados ontem.
"Demorei cinco horas para chegar ao trabalho", disse a empregada doméstica Maria da Conceição
Silva, 39. Normalmente, o percurso é feito em 40 minutos.
"Como as ações acontecem ao
mesmo tempo em vários pontos
movimentados, não temos como
controlar a situação", admitiu o
secretário municipal dos Transportes Urbanos, Ivan Barbosa.
Apesar de ter divulgado uma
nota em que informava não aceitar que o protesto impedisse o direito de ir e vir dos cidadãos, a PM
só acompanhou a manifestação.
Os primeiros atos de insatisfação contra o reajuste da tarifa básica -de R$ 1,30 para R$ 1,50-
começaram anteontem, um dia
depois de o aumento entrar em
vigor. No entanto, nas últimas 48
horas, o movimento ganhou força, com a adesão de alunos de escolas particulares e universitários.
Sem alternativa, motoristas e
passageiros abandonaram carros
e ônibus e ficaram sentados em
jardins, praças e meio-fio. "Os estudantes têm razão, mas acho que
estão passando dos limites", disse
Maria do Carmo Santana, 32.
Com medo de perder um dia de
trabalho, muitos deixaram os ônibus e optaram pelas caminhadas
ou caronas com carros que puderam ultrapassar as barreiras.
No final da tarde, o Sindicato
dos Transportes Coletivos de Salvador informou que 17 ônibus
que tentaram ultrapassar os bloqueios tiveram os vidros quebrados. Em toda a cidade, foram
montadas 20 barreiras pelos estudantes -nos congestionamentos
mais intensos, cada ônibus demorava 30 minutos para ser liberado.
"A população que quer trabalhar deve sair cedo de casa. Vamos continuar parando a cidade
até que o preço da tarifa seja reduzido", afirmou o estudante César
Antunes da Costa Filho, 16.
Além da redução da tarifa, os estudantes reivindicam pagamento
de 50% do valor da passagem aos
sábados, domingos e feriados.
Para obter apoio popular, os
alunos deram "trânsito livre" às
pessoas que aparentassem mais
de 60 anos. Com rostos pintados e
fitas na cabeça, eles retiravam dos
ônibus os idosos e os conduziam a
outro veículo, com "permissão"
para furar o bloqueio.
Ao contrário das últimas manifestações, o protesto não contou
com uma liderança expressiva.
"Não queremos políticos tirando
proveito do nosso protesto", disse
Regina Sales de Brito, 16.
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