São Paulo, quinta, 3 de setembro de 1998

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DESTRUIÇÃO
Incêndio que atinge a região há 20 dias chegou a cinco quilômetros da sede do Parque Nacional do Araguaia (TO)
Fogo fica sem controle na ilha do Bananal

Alan Marques/Folha Imagem
Fumaça de queimadas encobrem região da mata de Alta Floresta, em Mato Grosso, próximo ao rio Teles Pires


JAIRO MARQUES
da Agência Folha

Os focos de incêndio que destroem a ilha do Bananal, no rio Araguaia, em Tocantins, há pelo menos 20 dias, voltaram a sair do controle dos 30 homens do Ibama, apesar de o órgão ter informado ontem que a situação estava mais tranquila.
Os técnicos do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) estão concentrados nos arredores do Parque Nacional do Araguaia (no norte da ilha), lugar de grande diversidade de flora e fauna.
O fogo chegou a cinco quilômetros da sede do parque. As chamas voltaram a ficar intensas por causa dos fortes ventos da madrugada de ontem. O Ibama estima que 25% da porção norte já foi queimada.
"Reforços urgentes estão sendo pedidos ao governo federal para controlar as chamas", disse Raimundo Noleto, chefe da divisão técnica do Ibama em Tocantins.
Segundo Noleto, são necessários R$ 26 mil para a continuidade dos trabalhos na ilha.
"Esse dinheiro vai ser gasto com fretes de avião para sobrevoar a área, pagar diárias para os voluntários, colocar combustível nos carros e para outros serviços de combate ao fogo", disse.
O diretor nacional de Combate e Fiscalização do Ibama, Manoel Magalhães, disse que "não faltaram recursos para controlar os incêndios na ilha", mas que o pedido de R$ 26 mil deverá ser avaliado. "Já é mais do que foi destinado para combater o fogo em São José do Xingu (MT)", disse.
A partir de amanhã, mais 20 homens vão se dirigir para as proximidades da mata do Mamão, ponto onde a situação é mais crítica.
O Ibama acredita que, em dez dias, trabalhando com 50 homens, os incêndios devem ceder como aconteceu no sul da ilha.

Animais mortos
Já foram registradas mortes de filhotes de ema, alguns cervos e diversos tipos de pássaros.
"Os animais ficam atordoados e não conseguem fugir do fogo", disse Edson Beiriz, administrador da Funai em Tocantins, que esteve na região dos incêndios.
Para o Ibama, o fogo começou a partir das roças de toco e das queimadas para renovar os pastos, normalmente feitas por índios e pequenos agricultores.
Ao sul da ilha do Bananal, onde se concentra o Parque Indígena do Araguaia, o fogo destruiu 70% da vegetação de cerrado e matou centenas de cabeças de gado.
O governo federal pode baixar nos próximos dias uma portaria obrigando os proprietários rurais que possuem terras em áreas próximas a reservas legais, áreas de preservação permanente e até mesmo pastagens a abrirem aceiros (barreiras para evitar a propagação do fogo).



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