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GOVERNO FEDERAL
Representação encaminhada por membros do partido aponta que setor perdeu 13,8% dos recursos para 2004
Petistas apontam ilegalidade no orçamento de saúde
DA REPORTAGEM LOCAL
Representação encaminhada
por dois petistas e um ex-integrante do partido à Procuradoria
Geral da República aponta ilegalidades na primeira proposta orçamentária do governo Lula para a
saúde. O grupo calcula que R$ 4,5
bilhões, 13,8% do orçamento para
2004, deixarão de ser aplicados no
SUS (Sistema Único de Saúde) se
o projeto não for modificado.
O documento, protocolado no
último dia 16, é assinado pelo deputado federal Roberto Gouveia
(PT-SP), por Eduardo Jorge, ex-secretário da Saúde de São Paulo,
e por Áquilas Mendes, vice-presidente da Associação Brasileira de
Economia da Saúde e ex-assessor
da prefeitura paulistana.
Jorge, autor da emenda constitucional 29, que vinculou receitas
à saúde, trocou o PT pelo PV.
Mendes é filiado ao PT.
"O duro é que não se esperava
isso de um partido que vinha na
luta democrática e social. Sobe ao
governo federal e ajuda a descumprir a Constituição em nome de
uma política econômica ortodoxa", afirma Mendes. O documento ainda será distribuído a um
procurador para análise.
A representação diz que a inclusão de R$ 3,5 bilhões do Fundo de
Combate à Erradicação da Pobreza no cálculo de quanto o governo
deveria gastar em saúde em 2004 é
inconstitucional.
O texto da emenda constitucional 29 determinou que a União
deveria gastar em ações e serviços
de saúde o orçamento do ano anterior, corrigido pela variação do
PIB (Produto Interno Bruto) nominal (crescimento considerada a
inflação).
A maior parte da verba do fundo alocada no ministério, no entanto, irá para programas assistenciais, como o Fome Zero, e saneamento, que não são considerados ações e serviços de saúde,
segundo a lei orgânica do setor
(lei 8.080/90) e resolução do Conselho Nacional de Saúde homologada em maio pelo ministério.
"(...) O orçamento do SUS em
2004, descontada a inflação
(15,07%), será em valores reais
menor do que o de 2003, quando
deduzidos os recursos referentes
ao fundo (...)", afirma o texto.
Segundo o grupo, além disso, o
governo precisaria aplicar mais
R$ 967 milhões na saúde, de acordo com o cálculo da emenda.
"Portanto, se forem somados
esses R$ 3,5 bilhões aos R$ 967
milhões, a proposta orçamentária
do Ministério da Saúde faz com
que o SUS tenha uma perda orçamentária de R$ 4,5 bilhões", diz o
texto da representação.
A polêmica em torno do primeiro orçamento do governo Lula para a saúde teve início em julho, quando o presidente vetou
um artigo da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) que impedia a
contabilização de despesas do
fundo e previdenciárias, entre outras, como gasto em saúde. Um
grupo de parlamentares esteve
ontem com o ministro da Casa Civil, José Dirceu, para negociar
mudança no projeto.
(FABIANE LEITE)
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