São Paulo, segunda-feira, 03 de outubro de 2005

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VIOLÊNCIA

Com o tiroteio, moradores se jogaram no chão; síndicos pensam em reforçar segurança de prédios de Higienópolis

Família teve medo de ser alvo de bala perdida

DA REPORTAGEM LOCAL

A troca de tiros entre PMs e o grupo que tentava roubar um prédio na rua Itacolomi (Higienópolis) fez com que moradores do edifício invadido se jogassem no chão ou se trancassem no quarto com medo de serem atingidos por balas perdidas.
"Ouvimos uns tiros e uma gritaria, minha mãe olhou na janela, viu que era aqui no prédio e ficamos deitados no chão", contou um morador. Depois, a família -pai, mãe, três filhos e um neto de três anos- se trancou no quarto mais reservado da casa.
O rapaz contou que, inicialmente, pensou que estava havendo uma briga na rua. Pouco tempo depois, seu irmão mais velho ouviu o porteiro do prédio pedindo socorro. O funcionário, que chegou a ser rendido pelos ladrões e foi solto com a chegada da polícia, foi orientado pelos PMs a subir até o apartamento da família que fica no primeiro andar.
"Ele chorava muito e não conseguia falar quase nada, só disse que estavam invadindo o prédio", lembra o estudante.
A família e o funcionário só saíram do quarto quando a polícia bateu na porta do apartamento, para iniciar uma revista no local. "Eles ficaram batendo na porta e até quebraram a corrente. Quando abrimos, falaram para a gente levantar as mãos que eles iam olhar o apartamento. Meu pai pediu que eles tivessem cuidado por causa do meu sobrinho", contou.
Os moradores só foram autorizados a sair do apartamento por volta das 2h, quase duas horas após a fuga dos criminosos, quando a polícia acabou de revistar todos os andares.
Após o susto, a família pensa em se mudar do prédio, onde está há dois anos. O universitário mora com o irmão e a irmã. O bairro foi escolhido por ficar perto da faculdade dos três. Os pais são do interior e estavam apenas de visita.
Até mesmo quem mora a quadras do prédio invadido ficou com medo do tiroteio. Um comerciante que mora na rua Itacolomi, entre a Piauí e a Maranhão, disse que fechou as janelas e não saiu de casa. "Primeiro foram os tiros. Depois, um barulho mais forte, que parecia uma bomba."

Segurança
O condomínio do edifício Samambaia custa cerca de R$ 860, mas não dispõe de muitos itens de segurança. O prédio conta com abertura automática dos portões e cerca elétrica nas laterais. Não há circuito interno de TV nem sistema de alarme.
O edifício possui 13 andares e tem dois apartamentos por andar com entradas privativas. Cada apartamento está avaliado em cerca de R$ 400 mil.
Assim como o edifício Samambaia, muitos prédios de Higienópolis não possuem circuito interno de TV ou cerca elétrica.
"Acho que os prédios não estão preparados porque são antigos e não costuma ter isso [arrastões a prédios] no bairro. Aqui fica perto do batalhão da PM e antes tinha uma delegacia da Polícia Federal aí na esquina", comentou um morador da rua Itacolomi. A PF ficava na esquina das ruas Itacolomi com a Piauí, a poucos metros do prédio assaltado.
Porteiros de edifícios da rua Piauí disseram que síndicos da área comentaram ontem que pretendiam reforçar a segurança em seus prédios. "A síndica falou hoje [ontem] que vai colocar grade na parte de trás. Aqui não tem alarme e as câmeras não gravam nada. Só filmam os moradores entrando e saindo", afirmou o porteiro de um edifício de alto padrão localizado na área.
(LUÍSA BRITO)

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