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Pilotos dizem ter perdido contato por rádio
Tripulação do jatinho afirmou à polícia de MT que não tinha contato com controle em Brasília quando houve choque
Justiça autorizou que os passaportes deles sejam retidos para que fiquem no país até que as informações prestadas sejam verificadas
LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ
O jato executivo Legacy 600
estava sem contato com o centro de controle aéreo de Brasília quando se chocou com o
avião da Gol, segundo depoimento prestado pelo piloto e o
co-piloto da aeronave, Joseph
Lepour e Jan Paladino, à Polícia Civil de Mato Grosso, na
madrugada de sábado.
Apesar de terem dito que
houve apenas um leve impacto
com a outra aeronave, os dois
tripulantes do Legacy, adquirido pela empresa de táxi aéreo
americana ExcelAire, descreveram o barulho provocado pela colisão como semelhante a
"uma batida de carro".
A polícia desconfia do depoimento dos tripulantes. A pedido do Ministério Público de
Mato Grosso, a Justiça autorizou ontem que a Polícia Federal retenha os passaportes do
piloto e do co-piloto do Legacy,
para que "eles fiquem no país
até que sejam verificadas as informações prestadas".
De acordo com o co-piloto,
dez minutos após a decolagem
(14h17, horário de Brasília), em
São José dos Campos (SP), eles
acionaram o piloto automático.
Para alcançar a altitude de cruzeiro estabelecida no plano de
vôo (37 mil pés), levaram cerca
de 45 minutos.
Minutos antes do choque,
após aproximadamente uma
hora e meia de vôo, o piloto havia ido ao banheiro. No momento em que Lepour estava
fora da cabine, a aeronave perdeu contato com o centro de
controle de tráfego aéreo de
Brasília. Paladino tentava retomá-lo, tendo testado "todas as
freqüências constantes na carta de navegação".
O co-piloto disse que chegou
a conseguir contato a partir da
freqüência 135,9 MHz, mas que
perdeu o sinal logo em seguida.
Quando tentava novamente,
Lepour voltou do banheiro.
Mal o piloto retomou seu lugar,
Paladino disse que sentiu uma
"onda de choque na cabine".
Achou "que a porta tivesse saído", segundo a transcrição de
seu testemunho consultada pela reportagem.
O impacto desarmou o piloto
automático e fez com que o
avião pendesse para o lado esquerdo, obrigando Lepour a assumir o controle manual da aeronave. Assim que Lepour a estabilizou, pediu ao co-piloto
que assumisse o comando, por
ele ter mais experiência e mais
horas de vôo naquele tipo de
avião.
Ainda sem contato com Brasília, Paladino e Lepour tentaram avisar as autoridades sobre
o ocorrido pela freqüência de
emergência (121,5 MHz). Mais
uma vez, sem sucesso. Conseguiram então se comunicar
com um avião cargueiro da Polar Air Cargo, que os passou a
freqüência da base aérea da serra do Cachimbo.
O gerente de Certificação de
Aeronaves da Anac, Cláudio
Passos, disse que os tripulantes
do Legacy prestaram novo depoimento ontem, no Rio de Janeiro, à comissão que investiga
o acidente.
O jatinho transportava também cinco passageiros: os sócios da Excel Ralph Michielli e
David Jeffrey Rimmer, os funcionários da Embraer Henry
Arthur Yendle e Daniel Bachmann e o jornalista do "The
New York Times" Joe Sharkey.
Segundo o piloto e o co-piloto, ao ouvir o barulho, Michielli, um mecânico licenciado pela Agência Federal de Aviação
Civil Norte-Americana, viu por
uma das escotilhas que a extremidade da asa esquerda e a parte superior da cauda haviam sido avariadas. Orientou, então,
os dois tripulantes a procurarem um aeroporto para pousar.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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