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Feministas criticam "silêncio" do governo
AURELIANO BIANCARELLI
da Reportagem Local
A Rede Nacional Feminista de
Saúde enviou carta ao ministro José Serra criticando o silêncio e a
omissão das autoridades de saúde
diante do caso da menina C.B.S.
A carta também cobra a normatização dos serviços públicos de
saúde para realizar abortos previstos em lei. Embora o Código Penal
de 1940 permita a interrupção da
gravidez em caso de estupro e risco de vida para a mãe, o SUS
-Serviço Único de Saúde- ainda não estabeleceu uma rotina para essa prática.
A Rede Feminista reúne cerca de
120 instituições que trabalham
com saúde e direitos reprodutivos, incluindo universidades. "A
rede vem manifestar sua profunda
perplexidade em relação ao silêncio do Ministério da Saúde frente
ao caso da menina C.B.S.", diz a
carta, que tem data de quinta-feira
e é assinada pela médica Maria José de Oliveira.
O texto afirma que, mesmo nos
casos previstos em lei, "o direito
de decidir (...) está cerceado pela
dificuldade de acesso aos hospitais
públicos que realizem a interrupção da gravidez".
Além de São Paulo, apenas seis
outras cidades oferecem atendimento ao aborto legal, a maioria
por iniciativa estadual ou municipal. C.B.S. só viajou de Goiás a São
Paulo porque teve as despesas pagas por uma emissora de TV.
"A desassistência e o desamparo impuseram a uma criança de 10
anos e a seus familiares obstáculos
e constrangimentos que ferem a
dignidade humana", diz a carta.
"É triste observar que a omissão
do executivo pode possibilitar toda ordem de abuso e desrespeito a
um direito de cidadania, que os
desassistidos tornam-se presas fáceis de assistencialistas, fanáticos e
de segmentos da mídia."
A carta ainda diz que a normatização dos serviços de aborto "irá
resgatar a dignidade de mulheres
carentes" que correm risco de vida em abortos clandestinos ou são
obrigadas a conviver com a violência de que foram vítimas.
Até o início da noite, a carta ainda não tinha chegado ao ministro.
O que se sabe é que o ministério já
tem pronto uma minuta normatizando a prática do aborto legal na
rede pública de saúde. O próprio
ministro Serra estaria empenhado
na agilização dessas normas.
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