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DJ baleado vê o pai ser assassinado
da Reportagem Local
O DJ Mário Sérgio Santos de
Oliveira, 27, morava em um barraco à beira de um córrego, em
Heliópolis (zona sudeste de São
Paulo), quando viu o pai e um irmão morrerem com tiros de espingarda calibre 12.
Mário, com um tiro no pescoço e outro na perna, foi internado, mas conseguiu sobreviver.
Um amigo de escola, que estava
no barraco, também foi ferido
com um tiro de raspão.
As outras dez pessoas que moravam no barraco da família escaparam ilesas. "Mas o trauma
nos acompanha até hoje", conta.
Hoje, após oito anos, Mário
trabalha em uma rádio comunitária em Heliópolis. Com seu
trabalho, tenta tirar os garotos
da favela da vida de crime.
Mas ele reconhece ser difícil
sua missão. "Viver na favela é fogo, não existe opção." Leia os
principais trechos da entrevista,
concedida por Mário na sede da
rádio.
(OC)
Folha - Como foi o assassinato de seu pai e seu irmão?
Mário Sérgio Santos de Oliveira - Tinha chegado da escola,
estava uma noite fria e fiquei
sentado em volta de uma fogueira, em frente à minha casa, com
meu irmão e um amigo de classe. De repente, passaram três caras com espingardas calibre 12.
Com medo, nós corremos para
casa. Eles nos seguiram, entraram no barraco e foram atirando. Meu pai e meu irmão morreram na hora. Eu levei um tiro no
pescoço e um na perna. Tenho
cicatriz até hoje. Os três foram
presos e disseram que pensaram
que a gente era de uma quadrilha rival.
Folha - Como era a casa em
que você morava?
Oliveira - Era um barraco na
beira de um córrego, de madeira, numa viela que não entra carro. A gente morava em 13 pessoas. O lugar era bem pesado.
Folha - E depois do crime, sua
família continuou no mesmo
barraco?
Oliveira - Minha mãe ficou
com medo, traumatizada, e nós
mudamos para o interior, na casa de parentes. Mas eu não consegui ficar longe de São Paulo,
todos meus amigos estavam
aqui, e voltei. Aí foi todo mundo
voltando. Hoje, eu moro com
minha mãe e oito irmãos em
uma casa de alvenaria, construída em mutirão.
Folha - A casa atual é mais segura do que o barraco?
Oliveira - Ainda não é boa,
mas é bem melhor. Onde existe
barraco e área de risco, tem muito mais miséria e violência. Na
viela, o traficante domina e a polícia não tem como entrar.
Folha - O que você faz para
combater a violência?
Oliveira - Trabalho como DJ
em uma rádio comunitária, onde faço campanhas contra a violência. Também faço parte da
associação comunitária, que dá
cursos para crianças e adolescentes. Tento fazer minha parte
para evitar que a molecada entre
no tráfico.
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