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ORÇAMENTO
Relator propõe que prefeita eleita possa remanejar só 8% das verbas, percentual que é de 15% na gestão Pitta
Câmara pretende limitar gastos de Marta
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A prefeita eleita de São Paulo,
Marta Suplicy (PT), deve ter a
possibilidade de remanejar as
contas do município em 2001 reduzida pela metade em relação ao
governo Celso Pitta (PTN).
O vereador Miguel Colasuonno
(PMDB), relator do Orçamento e
integrante da bancada pró-Pitta
na Câmara Municipal, defende
que a taxa de remanejamento
(possibilidade de redistribuir recursos rapidamente sem consultar os vereadores) caia de 15% para, no máximo, 8%.
Colasuonno será o autor da proposta que será votada na Comissão de Finanças e Orçamento e
depois levada a plenário.
Os vereadores governistas devem seguir a decisão de Colasuonno, segundo avaliação da
própria oposição. A comissão
tem maioria governista: 5 votos
contra 4 da oposição.
Os 15% de remanejamento dados a Pitta representaram R$ 1,1
bilhão este ano. Ele usou a taxa,
por exemplo, para transferir recursos orçamentários do renda
mínima -total de R$ 70 milhões,
que estavam vinculados ao seu
gabinete- para obras do sistema
viário, como o Cebolinha, que
considerou mais importante.
Com os 8%, Marta Suplicy poderia mexer em R$ 632 milhões
de um Orçamento previsto de R$
7,9 bilhões -R$ 470 milhões a
menos do que Pitta teve direito.
A taxa de remanejamento é importante para que Marta Suplicy
possa redistribuir rapidamente
verbas do Orçamento feito por
Pitta e contemplar principalmente projetos de sua campanha: renda mínima, bolsa-trabalho, Começar de Novo (emprego para
idosos), Banco do Povo e programas de alfabetização de adultos.
A implantação desses projetos
custaria em torno de R$ 260 milhões no primeiro ano do mandato do PT em São Paulo. A diferença entre os índices -R$ 470 milhões- seria suficiente para Marta implantar os programas e ainda sobraria dinheiro.
Com um remanejamento muito
reduzido, Marta terá de enviar
projetos para a Câmara cada vez
que precisar fazer gastos não previstos no Orçamento.
Taxa de 1%
Colasuonno disse, sem citar nomes, que existe um grupo de governistas que está defendendo
uma taxa de remanejamento de
1%, o que poderia engessar o Orçamento no ano que vem.
Segundo ele, isso seria uma resposta à oposição, que defendeu
1% de remanejamento para as administrações de Paulo Maluf
(PPB) e de Pitta.
"Uma taxa de 1% é artificial e
impraticável. Temos de formular
uma proposta intermediária",
afirmou o vereador.
Ele diz que vai tentar ouvir técnicos permanentes da prefeitura
antes de definir o índice de remanejamento que deve constar na
proposta que irá à votação.
O vereador Ítalo Cardoso (PT),
também integrante da Comissão
de Finanças, disse que a proposta
de Colasuonno é "razoável".
O PT ainda não definiu qual taxa vai defender, mas Cardoso é favorável a um índice de 10%. Isso
representaria a possibilidade de
Marta redistribuir R$ 790 milhões
do Orçamento de 2001.
Amir Khair, coordenador financeiro da campanha de Marta,
quer a manutenção da taxa de
15% no primeiro ano de governo,
percentual que seria reduzido nos
anos seguintes (leia abaixo).
A oposição afirma que a taxa de
1% iria engessar as contas do município e prejudicar o primeiro
ano da nova administração. O índice de remanejamento será votado junto com o Orçamento de
2001 até o final do ano.
Para aprovar a proposta, é preciso o apoio de 28 dos 55 vereadores. A oposição tem, no máximo,
22 votos.
Ítalo Cardoso acredita que a posição de Colasuonno pode neutralizar a ação de governistas que
defendem a taxa de 1%.
O vereador petista acredita que
a falta de consenso entre os parlamentares da situação pode fazer
com a negociação chegue a um índice entre 8% e 10%.
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