São Paulo, domingo, 03 de novembro de 2002

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"Material pode ser coadjuvante"

DA REPORTAGEM LOCAL

"Nós vemos de forma positiva a pesquisa, mas avaliamos que o plástico biodegradável não vai substituir o que é feito a partir de petróleo. Não embala a vácuo, por exemplo, mas tem suas aplicações específicas e pode vir a ser um importante coadjuvante. As pessoas têm de entender ainda que não vão simplesmente jogar o plástico na rua e ele vai começar a degradar. É preciso que seja depositado num local propício à compostagem, senão vai demorar também muito tempo para desaparecer."
A afirmação de Sílvia P. Rolim, assessora técnica da Plastivida (comissão ambiental da Associação Brasileira da Indústria Química), mostra como a indústria de plástico vê hoje a questão da biodegradabilidade: é interessante, mas ainda rodeada por um "falso eco-marketing", e não representa uma concorrência efetiva.
A inviabilidade econômica e as restrições de aplicação são apontadas por Rolim como os principais obstáculos hoje à comercialização de polímeros como o PHB. Mas, diz, os ambientalistas não têm porque se desesperar.
"Só 4% do petróleo do mundo é usado para produzir plástico. E, apesar de o Brasil já reciclar 17% da produção anual de 3,8 milhões de toneladas, ainda temos um longo caminho a seguir nesse sentido." Para ela, os plásticos tradicionais não são vilões; nem os biodegradáveis, heróis. Juntos, porém, e com a participação de sociedade, setor público e empresas, podem formar um bom time.

Recuperação
Enquanto ainda "namoram" com a biodegradabilidade, os supermercados do grupo Pão de Açúcar buscam para seus 150 milhões mensais de sacolas plásticas uma alternativa ambientalmente amigável. A saída foi recuperar restos e aparas que sobram na fabricação das sacolinhas, que agora não vão mais para o lixo -viram novas embalagens.
O grupo usa todo o refugo de seus fornecedores para fabricar por mês cerca de 105 milhões de sacolas recuperadas que vão embalar compras em todos os mercados da rede no Brasil -e equivalem a 70% do total usado.
A recuperação trouxe uma dupla vantagem: reforça a imagem de que o Pão de Açúcar se preocupa com a questão do lixo e representa uma economia de até 20% no custo das embalagens, diz Valter Rodrigues, gerente de comercialização. "O próximo passo é fazer sacolas biodegradáveis. O problema ainda é o custo, mas estamos buscando parceiros." (MV)


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