São Paulo, quinta-feira, 03 de novembro de 2005

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RIO

Confrontos resultam de disputas interna ou entre facções

Guerras entre traficantes deixam pelo menos 14 mortos em favelas

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Nas últimas três semanas, pelo menos 14 pessoas foram mortas em favelas do Rio de Janeiro em confrontos entre traficantes de drogas provocados por tentativas de invasões a redutos inimigos ou "golpes de estado".
Uma das principais razões para o recrudescimento dos conflitos são, segundo a polícia, as sucessivas "traições" de traficantes, que mudam de facção e tentam tomar o controle das áreas onde atuam. Desentendimentos dentro de um mesmo grupo também contribuem para os tiroteios.
Exemplo disso foi o que aconteceu na Rocinha (São Conrado, zona sul do Rio). Após a morte do chefe do tráfico, Erismar Rodrigues Moreira, o Bem-Te-Vi, ocorreu uma guerra interna pela sucessão, que teria deixado pelo menos cinco mortos -os corpos ainda não foram encontrados.
O provável substituto de Bem-Te-Vi, Orlando José Rodrigues, o Soul, teria sido morto junto com outros três cúmplices porque pretendia se aliar ao CV (Comando Vermelho), inimigo da ADA (Amigo dos Amigos), facção do antigo chefe.
No morro do Juramento (Vicente de Carvalho, zona norte), quatro pessoas foram assassinadas na última sexta. A polícia investiga duas hipóteses. Uma delas é a de que a favela, controlada pela ADA (Amigo dos Amigos), teria sido invadida por rivais do morro da Fazendinha, no complexo do Alemão (zona norte), do CV.
A outra é que teria ocorrido uma guerra interna no grupo em razão da chegada do traficante Ronaldo Ferreira do Nascimento, o Mocotó, que saiu da cadeia recentemente e assumiu o controle da venda de droga no morro.
Traição teria ocorrido também na favela do Muquiço (Deodoro, zona norte), onde o tráfico é dominado pela ADA. Expulso da favela, o traficante Bruno da Silva Ribeiro, o Coronel, aliou-se a traficantes da favela de Acari (zona norte), vinculados ao TCP (Terceiro Comando Puro). Há três semanas, invadiu a comunidade e matou quatro antigos aliados.
Outra favela onde houve conflito interno é a Bandeira 2, em Del Castilho (zona norte). Com a ajuda de traficantes da própria comunidade, o grupo que atua na favela Vila dos Pinheiros, no complexo da Maré (zona norte), da ADA, invadiu a Bandeira 2 na madrugada do dia 15 e ocupou o local, que era controlado pelo CV.
Os antigos "donos" se esconderam na favela do Jacarezinho e, uma semana depois, retomaram o controle da comunidade e ainda atacaram a tiros a vizinha favela do Guarda, também da ADA, que ajudou na primeira invasão.
Outra região que está sob tensão são os morros próximos ao centro da cidade. Na madrugada de quarta-feira passada, traficantes do morro do Zinco (Estácio, zona central), da ADA, atacaram a tiros o morro da Providência, do CV.
A ação foi uma resposta a um ataque do morro da Mineira, do CV, ao da Coroa, da ADA, três dias antes, quando uma pessoa morreu atingida por bala perdida.


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