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RIO
Confrontos resultam de disputas interna ou entre facções
Guerras entre traficantes deixam pelo menos 14 mortos em favelas
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Nas últimas três semanas, pelo
menos 14 pessoas foram mortas
em favelas do Rio de Janeiro em
confrontos entre traficantes de
drogas provocados por tentativas
de invasões a redutos inimigos ou
"golpes de estado".
Uma das principais razões para
o recrudescimento dos conflitos
são, segundo a polícia, as sucessivas "traições" de traficantes, que
mudam de facção e tentam tomar
o controle das áreas onde atuam.
Desentendimentos dentro de um
mesmo grupo também contribuem para os tiroteios.
Exemplo disso foi o que aconteceu na Rocinha (São Conrado, zona sul do Rio). Após a morte do
chefe do tráfico, Erismar Rodrigues Moreira, o Bem-Te-Vi, ocorreu uma guerra interna pela sucessão, que teria deixado pelo menos cinco mortos -os corpos
ainda não foram encontrados.
O provável substituto de Bem-Te-Vi, Orlando José Rodrigues, o
Soul, teria sido morto junto com
outros três cúmplices porque pretendia se aliar ao CV (Comando
Vermelho), inimigo da ADA
(Amigo dos Amigos), facção do
antigo chefe.
No morro do Juramento (Vicente de Carvalho, zona norte),
quatro pessoas foram assassinadas na última sexta. A polícia investiga duas hipóteses. Uma delas
é a de que a favela, controlada pela
ADA (Amigo dos Amigos), teria
sido invadida por rivais do morro
da Fazendinha, no complexo do
Alemão (zona norte), do CV.
A outra é que teria ocorrido
uma guerra interna no grupo em
razão da chegada do traficante
Ronaldo Ferreira do Nascimento,
o Mocotó, que saiu da cadeia recentemente e assumiu o controle
da venda de droga no morro.
Traição teria ocorrido também
na favela do Muquiço (Deodoro,
zona norte), onde o tráfico é dominado pela ADA. Expulso da favela, o traficante Bruno da Silva
Ribeiro, o Coronel, aliou-se a traficantes da favela de Acari (zona
norte), vinculados ao TCP (Terceiro Comando Puro). Há três semanas, invadiu a comunidade e
matou quatro antigos aliados.
Outra favela onde houve conflito interno é a Bandeira 2, em Del
Castilho (zona norte). Com a ajuda de traficantes da própria comunidade, o grupo que atua na
favela Vila dos Pinheiros, no complexo da Maré (zona norte), da
ADA, invadiu a Bandeira 2 na madrugada do dia 15 e ocupou o local, que era controlado pelo CV.
Os antigos "donos" se esconderam na favela do Jacarezinho e,
uma semana depois, retomaram
o controle da comunidade e ainda
atacaram a tiros a vizinha favela
do Guarda, também da ADA, que
ajudou na primeira invasão.
Outra região que está sob tensão
são os morros próximos ao centro
da cidade. Na madrugada de
quarta-feira passada, traficantes
do morro do Zinco (Estácio, zona
central), da ADA, atacaram a tiros
o morro da Providência, do CV.
A ação foi uma resposta a um
ataque do morro da Mineira, do
CV, ao da Coroa, da ADA, três
dias antes, quando uma pessoa
morreu atingida por bala perdida.
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