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PM não sobe e traficantes não descem
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Os remanescentes da quadrilha
de Erismar Rodrigues Moreira, o
Bem-Te-Vi, ocupam, armados
com fuzis, granadas e pistolas, o
interior da favela da Rocinha (São
Conrado, zona oeste do Rio), onde a polícia, por ordem da governadora Rosinha Matheus
(PMDB), evita entrar, temendo a
possibilidade de que inocentes sejam feridos em tiroteios.
O efetivo da Polícia Militar na
Rocinha se limita, desde a morte
de Bem-Te-Vi, a vigiar os acessos.
O comandante da PM, coronel
Hudson de Aguiar, disse ontem
que não estão planejadas novas
operações dentro da favela.
A ordem para que as polícias
Militar e Civil evitem tiroteios
dentro de comunidades carentes
foi dada há dez dias pela governadora ao secretário estadual de Segurança Pública, Marcelo Itagiba.
A governadora e seu marido, o
secretário estadual de Governo e
pré-candidato do PMDB à Presidência da República, Anthony
Garotinho, manifestaram preocupação com os tiroteios entre
policiais e traficantes, por causa
das vítimas civis.
Nas ações da PM, vinham ocorrendo mortes e ferimentos graves
provocados pelas balas perdidas
dos confrontos entre policiais e
traficantes. Isso estaria causando
nas comunidades uma revolta
grande contra Rosinha e Garotinho, que já ocupou o cargo de secretário de Segurança Pública no
atual governo.
Tido no PMDB como um dos
candidatos do partido à Câmara
dos Deputados no ano que vem,
Itagiba retransmitiu a determinação da governadora ao comandante da PM e ao chefe de Polícia
Civil, delegado Álvaro Lins, que é
filiado ao PSC, partido auxiliar
dos Garotinho. Lins é citado como provável candidato a deputado estadual.
Desde então, a polícia tem evitado operações e incursões em
áreas densamente povoadas, como os complexos de favelas da
Maré e do morro do Alemão e a
favela do Jacarezinho, todos na
zona norte carioca.
A exceção foi a operação que resultou na morte de Bem-Te-Vi, na
madrugada de sábado, no do Valão, parte baixa da Rocinha.
De acordo com a Secretaria de
Segurança, a operação só ocorreu
porque houve um planejamento
prévio por parte da Polícia Civil.
Embora a secretaria diga que a
Rocinha está ocupada, existe na
verdade um cerco. Os PMs ficam
nos acessos. Dentro da favela, os
criminosos ainda mandam.
Os traficantes evitam apenas as
imediações do DPO (Destacamento de Policiamento Ostensivo) da PM, localizado na estrada
da Gávea, que corta o morro onde
se instalou a favela.
Em contrapartida, os PMs escalados para o serviço no DPO,
mesmo apoiados por equipes extras fortemente armadas, não circulam pelo interior da Rocinha.
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