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FEBEM
Municípios considerados de risco, entre eles a capital, terão prioridade no projeto, que envolverá governo e comunidade
Ação integrada quer conter rotatividade
DA REPORTAGEM LOCAL
A Febem recebeu, nos últimos
12 meses, cerca de 8.000 garotos
em todo o Estado que nunca haviam passado por unidades de internação. Se fossem adultos, seriam chamados de ""primários".
Esses adolescentes vivem em situação de risco, espalhados pelas
diversas ""fábricas" de delinquentes, já identificadas em pesquisa.
Trinta municípios, incluindo a
capital, entre 645 cidades, são responsáveis por cerca de 80% dos
meninos que cumprem medida
de internação em São Paulo. Há
cerca de 300 cidades que não têm
um único garoto na Febem.
É nos municípios mais problemáticos que a Secretaria da Assistência e Desenvolvimento Social
pretende começar a estruturar a
""Rede de Ação à Prevenção da
Violência", segundo o secretário
da pasta, Edsom Ortega.
""Há uma rotatividade muito
grande. Daqui a 12 meses, 98%
dos menores da Febem estarão
soltos, e a população das unidades
será de novos garotos", afirma.
Dos 4.200 jovens internados na
Febem hoje, só 83 estão nas unidades há mais de um ano. No
mesmo intervalo de tempo, 8.800
garotos passaram pela fundação,
dos quais 9,8% reincidiram.
Há outro contingente de jovens
que voltaram a se envolver em crimes durante o período de liberdade assistida e morreram, geralmente praticando delitos. Entre
maio de 99 e abril deste ano, foram em média 15 homicídios por
mês. Isso representou um aumento de 114% em relação ao período
de maio de 96 a abril de 97.
A rede idealizada pelo governo
vai envolver diversas secretarias e
entidades das comunidades.
Na capital, o projeto prevê a reprodução da experiência que há
dois anos existe no Jardim Ângela
-o quarto bairro mais populoso
da cidade e onde mais morrem
pessoas vítimas de homicídios.
Nesse bairro, várias secretarias
atuam, sobretudo em parcerias,
para tentar conter a violência.
Os pólos de infratores da capital
e os 29 municípios considerados
de risco no Estado terão prioridade na implantação de programas
sociais, como o de complementação de renda e o que prevê a construção de centros de juventude e
oficinas culturais.
""Vamos chamar os prefeitos
eleitos das cidades para expor esses problemas e conversar com
eles sobre possíveis soluções", diz
o secretário Ortega.
Ribeirão Preto (a 319 km de São
Paulo) é o segundo município
com maior número de internos
na Febem, atrás apenas da capital,
e à frente de Campinas e São José
dos Campos, apesar de ter menor
população em relação a eles.
Projeto
Uma das ações que já começaram, segundo Ortega, é a contratação de 7.000 jovens nos bolsões
vulneráveis no município de São
Paulo. ""Eles serão treinados e irão
receber uma bolsa para atuar com
agentes comunitários em diversas
áreas, como saúde e meio ambiente", afirma o secretário.
Outros projetos estão em andamento e serão ampliados. É o caso
do acompanhamento dos filhos
de presos, que é feito pela Secretaria da Administração Penitenciária para evitar que os menores venham a se envolver com crimes.
A rede de prevenção não terá
orçamento fixo, mas fatias das
verbas de que as secretarias dispõem para ações sociais. É como
um plano de metas a ser cumprido pelos secretários.
(ALESSANDRO SILVA e GABRIELA ATHIAS)
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