São Paulo, quinta, 3 de dezembro de 1998

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Governo terá US$ 300 mi para Aids

AUGUSTO GAZIR
da Sucursal de Brasília

O governo federal e o Bird (Banco Mundial) acertaram financiamento de US$ 300 milhões para o Brasil aplicar em programas de prevenção à Aids. O projeto está sendo chamado de Aids 2.
O ministro da Saúde, José Serra, assina o acordo com o Bird na semana que vem em Washington, capital dos EUA.
O banco vai entrar com US$ 165 milhões, e o Brasil, com a contrapartida de US$ 135 milhões. Os recursos serão aplicados durante quatro anos.
"Os programas de prevenção vão privilegiar os jovens, mulheres heterossexuais e populações pobres", disse Pedro Chequer, coordenador do DST-Aids (Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids).
Segundo Chequer, os investimentos serão feitos em capacitação e treinamento de técnicos para a prevenção, além de assistência hospitalar. Segundo o ministério, o custo da prevenção é dez vezes menor que o do tratamento.
Chequer também disse que a compra pelo Brasil de medicamentos anti-Aids pelo fundo rotatório da Opas (Organização Pan-americana de Saúde), com menos custos, começa no segundo semestre de 99.

"Pular a cerca"
O ministro José Serra disse que um dos alvos das campanhas de prevenção à Aids é a mudança do comportamento dos homens.
"Muitas mulheres casadas estão tendo Aids porque os maridos pulam a cerca e não tomam os cuidados fora de casa", afirmou Serra.
Ele se disse preocupado por causa da "heterossexualização" e "feminização" da doença. Segundo Serra, a Aids também está tomando o interior do país e virando "doença de pobre".
Na década de 80, para cada 40 homens infectados havia uma mulher com a doença. Hoje, essa proporção é de dois para um. "Nossa estratégia de prevenção é baseada nesse diagnóstico. Vamos trabalhar com a sociedade para resolver o problema", afirmou.
De acordo com ele, os recursos do Bird são "elevadíssimos" para o trabalho na área de prevenção. "A dificuldade de combater a Aids é que temos que mudar o comportamento íntimo das pessoas. Esse é o nosso desafio."
"O básico é educação. Camisinha, no limite, dá para distribuir para todo mundo. O problema é de consciência", disse.



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