São Paulo, quinta, 3 de dezembro de 1998

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TRADIÇÃO
Donos não informam os funcionários, que ameaçam entrar com ação trabalhista
Ex-Bar Brahma é fechado em São Paulo

da Reportagem Local

O antigo Bar Brahma, um dos locais mais tradicionais de São Paulo, que no ano passado teve o nome mudado para São João 677, fechou na última segunda-feira.
O bar, na esquina das avenidas São João e Ipiranga, teria sido fechado pelos seus proprietários sem que os funcionários do estabelecimento soubessem.
Funcionários do bar já acenavam com uma ação trabalhista em razão dos atrasos nos pagamentos.
Segundo o advogado de 15 dos 25 funcionários (garçons, músicos e pessoal da cozinha) do bar, Carlos Zimmermann Neto, parte dos salários estava atrasada havia seis meses.
"As dificuldades financeiras do bar levaram os donos a não pagar férias e fundo de garantia, além de atrasar constantemente os salários", disse o advogado.
Segundo ele, com o fechamento repentino do bar, ficaram retidos no seu interior carteiras de trabalho e instrumentos musicais dos funcionários.
"Isso é uma falta grave do empregador. Por isso, entramos com ação na Justiça do Trabalho de crime contra a organização do trabalho", disse Zimmermann.
A Folha não conseguiu localizar ontem os proprietários do São João 677 nem representantes legais que pudessem comentar o fechamento.

Reforma
O ex-Bar Brahma, com 50 anos de tradição, abriu suas portas para o público como São João 677 em julho de 1997, depois de passar por uma reforma de 15 dias. A grande mudança foi o fornecimento das bebidas, que passou da Brahma para a Kaiser.
Em seus anos de glória -décadas de 50 e 60-, o bar-restaurante se diferenciava pela sofisticação do ambiente e do atendimento. O restaurante reunia membros da alta sociedade e o bar concentrava boêmios da velha-guarda paulistana. Nos últimos anos, o local passou a ser frequentado por clientes de menor poder aquisitivo, que trabalhavam no centro da cidade e lá faziam suas refeições.
No ano passado, em parceria com a Kaiser, a casa passou a investir na diversificação do chope como chamariz do público jovem.
A empresa investiu cerca de R$ 50 mil em equipamentos importados da Europa para higienização dos copos e dispensação (processo de tirar o chope).
A arquitetura da casa foi restaurada e mantida nos moldes dos anos 50. A diferença é que o atendimento se tornou mais informal, e os preços, mais acessíveis.
O cliente podia tomar chope em qualquer dos quatro ambientes do São João 677 -bulevar, salão principal, bar e mezanino. A mesma coisa para as refeições. Antes da reforma, havia distinção entre o local de jantar e aperitivos.



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