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TRADIÇÃO
Donos não informam os funcionários, que ameaçam entrar com ação trabalhista
Ex-Bar Brahma é fechado em São Paulo
da Reportagem Local
O antigo Bar Brahma, um dos locais mais tradicionais de São Paulo, que no ano passado teve o nome mudado para São João 677, fechou na última segunda-feira.
O bar, na esquina das avenidas
São João e Ipiranga, teria sido fechado pelos seus proprietários
sem que os funcionários do estabelecimento soubessem.
Funcionários do bar já acenavam com uma ação trabalhista em
razão dos atrasos nos pagamentos.
Segundo o advogado de 15 dos
25 funcionários (garçons, músicos
e pessoal da cozinha) do bar, Carlos Zimmermann Neto, parte dos
salários estava atrasada havia seis
meses.
"As dificuldades financeiras do
bar levaram os donos a não pagar
férias e fundo de garantia, além de
atrasar constantemente os salários", disse o advogado.
Segundo ele, com o fechamento
repentino do bar, ficaram retidos
no seu interior carteiras de trabalho e instrumentos musicais dos
funcionários.
"Isso é uma falta grave do empregador. Por isso, entramos com
ação na Justiça do Trabalho de crime contra a organização do trabalho", disse Zimmermann.
A Folha não conseguiu localizar
ontem os proprietários do São
João 677 nem representantes legais que pudessem comentar o fechamento.
Reforma
O ex-Bar Brahma, com 50 anos
de tradição, abriu suas portas para
o público como São João 677 em
julho de 1997, depois de passar por
uma reforma de 15 dias. A grande
mudança foi o fornecimento das
bebidas, que passou da Brahma
para a Kaiser.
Em seus anos de glória -décadas de 50 e 60-, o bar-restaurante
se diferenciava pela sofisticação
do ambiente e do atendimento. O
restaurante reunia membros da
alta sociedade e o bar concentrava
boêmios da velha-guarda paulistana. Nos últimos anos, o local passou a ser frequentado por clientes
de menor poder aquisitivo, que
trabalhavam no centro da cidade e
lá faziam suas refeições.
No ano passado, em parceria
com a Kaiser, a casa passou a investir na diversificação do chope
como chamariz do público jovem.
A empresa investiu cerca de R$
50 mil em equipamentos importados da Europa para higienização
dos copos e dispensação (processo
de tirar o chope).
A arquitetura da casa foi restaurada e mantida nos moldes dos
anos 50. A diferença é que o atendimento se tornou mais informal,
e os preços, mais acessíveis.
O cliente podia tomar chope em
qualquer dos quatro ambientes do
São João 677 -bulevar, salão
principal, bar e mezanino. A mesma coisa para as refeições. Antes
da reforma, havia distinção entre
o local de jantar e aperitivos.
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