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SEGURANÇA
Secretaria diz que detentos em saídas temporárias são "cidadãos livres" e, por isso, não há esquema de segurança
Presos brigam em viagem de volta do feriado
ALESSANDRA KORMANN
DA AGÊNCIA FOLHA
Um confronto envolvendo cerca de 600 presos que voltavam para penitenciárias do interior de
São Paulo, após a saída temporária de final de ano, tumultuou anteontem a rodovia Marechal Rondon, em Botucatu. Cinco presos
ficaram feridos, dois deles gravemente. Os ônibus haviam sido
fretados pelos próprios detentos,
que haviam conseguido a licença
por bom comportamento.
A confusão começou por volta
das 15h, quando furou o pneu de
um dos dois ônibus que iam para
Mirandópolis. Dois veículos pararam no acostamento da pista sentido capital/interior, no km 259,
perto do trevo de acesso a Botucatu. Doze ônibus que seguiam
atrás, com destino às penitenciárias de Valparaíso e Bauru, encostaram logo à frente. Havia cerca
de 40 presos em cada um, que
obrigaram os motoristas a parar.
De acordo com o major José
Luiz Rubin, comandante interino
do 12º BPMI (Batalhão da Polícia
Militar do Interior), esse grupo
seria ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital). Os cerca de
cem presos que estavam nos dois
ônibus que pararam primeiro não
pertenceriam a nenhuma facção.
O desentendimento entre eles teria começado em um posto da rodovia Castello Branco.
No confronto, que durou cerca
de meia hora, os presos se agrediram com paus e pedras encontradas no local. Muitos estavam alcoolizados, segundo a polícia.
Alguns motoristas que passavam na estrada naquele momento
chegaram a voltar na contramão,
para evitar a briga. Outros fizeram o retorno atravessando o
canteiro que separa as duas pistas.
De acordo com a Polícia Rodoviária, não ocorreram acidentes.
Cinco presos ficaram feridos e
dois foram levados para o Hospital das Clínicas da Unesp em Botucatu, com ferimentos na cabeça.
O hospital não deu informações
sobre o estado deles.
"Foi igual a briga entre torcidas
de futebol, o que é bastante comum", disse o tenente João Batista de Oliveira, comandante da Polícia Rodoviária de Botucatu.
"Mas, quando há jogo na região,
já ficamos prevenidos."
Cerca de 50 homens das polícias
Militar, Civil e Rodoviária foram
para o local, o que acabou com a
confusão. Não houve confronto
com os policiais. Os presos retornaram aos ônibus e seguiram viagem, escoltados pela polícia.
Por volta das 16h, os 12 ônibus
foram parados por um bloqueio
com cerca de 80 policiais em Agudos. Na revista, foram encontradas porções de drogas e estiletes.
Dois presos do Centro de Progressão Penitenciária de Valparaíso, que estavam com manchas
de sangue nos seus tênis, foram
ouvidos no local, negaram participação na briga e tiveram os tênis
apreendidos para perícia.
"O confronto poderia ter tomado proporção maior, com carros
de famílias transitando no local.
Poderia ter sido montado um esquema de segurança, mas a polícia não foi comunicada", disse o
delegado Lourenço Talamonte
Neto, do 2º DP de Botucatu, que
irá instaurar inquérito para apurar o caso.
A assessoria da Secretaria da
Administração Penitenciária informou que os diretores das penitenciárias buscam identificar os
presos envolvidos no conflito para que eles regridam do regime semi-aberto para o fechado, perdendo direito às saídas temporárias. Segundo a assessoria, não foi
montado esquema de segurança
porque, a partir do momento em
que os presos saem, são considerados cidadãos livres. O horário
de volta dos detentos é determinado pela Justiça.
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