São Paulo, domingo, 04 de janeiro de 2004

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Planta segue modelo francês

DA REPORTAGEM LOCAL

Morar vai ficar cada vez mais caro. E, o que é pior: o mercado imobiliário vai continuar vendendo o mesmo tipo de habitação que vendia há cem anos. A opinião é do professor Marcelo Tramontano, coordenador do Nomads (Núcleo de Estudos sobre Habitação e Modo de Vida), da USP em São Carlos.
Tramontano afirma que a planta das casas ou apartamentos de hoje repete a tripartição criada na belle époque francesa, no final do século 19: áreas de serviço (cozinha e lavanderia, por exemplo), social (sala de estar e jantar) e íntima (quartos).
"Os visitantes não são admitidos na área íntima, mas a área social funciona como a vitrine do êxito da família e tem de ser vista de fora, daí a instalação de janelas grandes na sala", exemplifica.
Essa origem nobre do modo de vida nos imóveis acabou se tornando um modelo para produção em série no Brasil, sobretudo a partir dos anos 70, em São Paulo.
Tramontano diz que essa produção tinha como público principal uma família nuclear, formada por pai, mãe e filhos. Porém esse grupo se alterou e hoje há mães sozinhas com filhos e solteiros morando sozinhos, por exemplo.
Mesmo famílias cujos filhos ainda moram com os pais têm sua relação alterada. Hoje é comum adolescentes fazerem dos seus quartos espaços de individualidade. Segundo Tramontano, esse é um problema que o mercado terá de enfrentar -conjugar individualidade com industrialização.



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