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Temor de saques aflige moradores de São Luiz e de Angra
Após tragédias, moradores fazem vigília contra a ação de pessoas que furtam o pouco que restou de bens materiais
No município paulista, PM monta esquema para evitar o furto de objetos religiosos das duas igrejas que foram destruídas pelos temporais
DOS ENVIADOS ESPECIAIS A ANGRA DOS
REIS (RJ) E SÃO LUIZ DO PARAITINGA (SP)
Na esteira dos estragos provocados pelas chuvas, um novo
temor perturba os moradores
de São Luiz do Paraitinga (SP) e
Angra dos Reis (RJ): os saques
aos poucos bens materiais que
sobraram das duas tragédias.
No município paulista do Vale do Paraíba, há preocupações
com furtos tanto na metade
alagada da cidade quanto na
metade isolada na parte alta.
Na área poupada pelos alagamentos, enquanto mulheres e
crianças foram enviadas a cidades vizinhas, como Taubaté,
homens se revezam nas casas
para evitar os saques. Na parte
alagada, a preocupação é evitar
que bens sejam levados pela
água e tomados por pessoas
que têm se dedicado à coleta de
produtos que boiam pelas ruas,
como botijões de gás.
A preocupação com saques
atinge até o patrimônio das
igrejas destruídas pelas chuvas:
a igreja matriz de São Luiz de
Tolosa e a capela das Mercês. A
Polícia Militar montou um esquema especial para evitar o
furto de objetos religiosos.
Angra
No morro da Carioca, em Angra, o morador Flávio Santos,
40, diz que os saques ocorrem
mesmo perto dos locais das
buscas: "Por isso, as pessoas resistem em sair". Uma moradora, que se identificou apenas
como Antonia, contou que deixou a geladeira na porta de casa
para levá-la para a residência
de amigos. Foi buscar transporte, mas, ao voltar, o eletrodoméstico não estava mais lá.
Já Antonio Carlos Corrêa do
Santos, 49, diz que furtaram
lençóis, calças e camisas. "Minha casa está com uma rachadura enorme. Estou desesperado e ainda fazem isso comigo."
O medo de saques fez com
que moradores de outra área
afetada, o condomínio de classe
média Praia Jardim 2, resistam
em deixar suas casas. Luciana
Batista, 39, teve a casa invadida
pela lama que desceu da encosta sob a rodovia Rio-Santos, no
km 477. Mas passa a maior parte do tempo lá. "Tenho muito
coisa aqui ainda e sei que estão
saqueando", disse.
(ROGÉRIO PAGNAN E PEDRO SOARES)
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