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São Paulo, terça-feira, 04 de fevereiro de 2003

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Secretário afirma que adiamento irá evitar confronto com o TCM, mas nega que edital contenha irregularidades

Prefeitura recua e suspende concorrência

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário dos Transportes, Jilmar Tatto, anunciou ontem a suspensão temporária -por pelo menos uma semana- da licitação do futuro modelo de transporte coletivo em São Paulo.
A decisão foi divulgada pela manhã, no dia em que estava prevista a entrega dos envelopes e minutos antes de ele se reunir com os empresários e trabalhadores do setor para discutir a greve da categoria.
Tatto decidiu recuar da decisão inicial da prefeitura e acatou uma recomendação do TCM (Tribunal de Contas do Município), que, na última sexta-feira, apontou supostas irregularidades no edital. A licitação envolve contratos com um valor de R$ 12,3 bilhões.
Mesmo afirmando que "não há falhas ou irregularidades", Tatto diz agora que quer evitar um confronto com representantes do TCM e do Ministério Público. Essa situação, na avaliação dele, atrasaria ainda mais a implementação do novo sistema.
"Não vou desacatar o TCM, mesmo tendo a convicção de que estávamos corretos. Mas vamos, de novo, prestar todos os esclarecimentos. Em vez de ter um confronto, eu prefiro recuar", afirmou Tatto, logo depois de citar Lênin (um dos líderes da Revolução Russa de 1917), dizendo que prefere "dar um passo atrás para dar dois à frente".
A decisão do secretário foi comemorada por viações de ônibus e condutores. "Eu espero que, com esse adiamento, a secretaria possa abrir um espaço para que empresários e trabalhadores possam opinar sobre essa questão e rever pontos que precisam ser modificados", afirmou Edivaldo Santiago, presidente do sindicato dos motoristas e cobradores.
Se Tatto não suspendesse a licitação, os empresários que atuam hoje na capital paulista estariam de fora do sistema, já que, em uma ação coordenada, deixaram de depositar os valores caução exigidos até a última sexta-feira.
Com a suspensão temporária, haverá um novo prazo para esses depósitos. O secretário disse que todas as oito áreas de concessão tiveram interessados de fora de São Paulo. A informação, entretanto, é questionada por Santiago.
"Ele está blefando. Eu participei das visitas técnicas e só vi gente daqui. Eu conhecia todos", afirmou. Tatto não quis revelar, por motivos "estratégicos", quem teria depositado os valores caução, mas disse que em torno de 50 empresas participaram das vistorias técnicas, sete das quais de fora da cidade de São Paulo.
O presidente do Transurb, Sérgio Pavani, disse que as viações paulistanas não depositaram os valores caução na semana passada porque não viam possibilidade de cumprir as exigências da licitação. "Ninguém vai assumir obrigação que não possa cumprir porque amanhã estaremos sendo massacrados", disse Pavani, que quer mais prazo para a análise do modelo. "Nossas contas não fecham até agora", afirmou.
O novo modelo de transporte, que a prefeitura pretende implementar até julho, dividirá a capital paulista em dois tipos de linhas: as locais, restritas aos bairros e com tarifa reduzida, em torno de R$ 1,30, e as estruturais, que ligarão os bairros ao centro, com preço próximo de R$ 1,70. (PALOMA COTES E ALENCAR IZIDORO)


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