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Secretário afirma que adiamento irá evitar confronto com o TCM, mas nega que edital contenha irregularidades
Prefeitura recua e suspende concorrência
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário dos Transportes,
Jilmar Tatto, anunciou ontem a
suspensão temporária -por pelo
menos uma semana- da licitação do futuro modelo de transporte coletivo em São Paulo.
A decisão foi divulgada pela manhã, no dia em que estava prevista
a entrega dos envelopes e minutos
antes de ele se reunir com os empresários e trabalhadores do setor
para discutir a greve da categoria.
Tatto decidiu recuar da decisão
inicial da prefeitura e acatou uma
recomendação do TCM (Tribunal
de Contas do Município), que, na
última sexta-feira, apontou supostas irregularidades no edital. A
licitação envolve contratos com
um valor de R$ 12,3 bilhões.
Mesmo afirmando que "não há
falhas ou irregularidades", Tatto
diz agora que quer evitar um confronto com representantes do
TCM e do Ministério Público. Essa situação, na avaliação dele,
atrasaria ainda mais a implementação do novo sistema.
"Não vou desacatar o TCM,
mesmo tendo a convicção de que
estávamos corretos. Mas vamos,
de novo, prestar todos os esclarecimentos. Em vez de ter um confronto, eu prefiro recuar", afirmou Tatto, logo depois de citar
Lênin (um dos líderes da Revolução Russa de 1917), dizendo que
prefere "dar um passo atrás para
dar dois à frente".
A decisão do secretário foi comemorada por viações de ônibus
e condutores. "Eu espero que,
com esse adiamento, a secretaria
possa abrir um espaço para que
empresários e trabalhadores possam opinar sobre essa questão e
rever pontos que precisam ser
modificados", afirmou Edivaldo
Santiago, presidente do sindicato
dos motoristas e cobradores.
Se Tatto não suspendesse a licitação, os empresários que atuam
hoje na capital paulista estariam
de fora do sistema, já que, em
uma ação coordenada, deixaram
de depositar os valores caução
exigidos até a última sexta-feira.
Com a suspensão temporária,
haverá um novo prazo para esses
depósitos. O secretário disse que
todas as oito áreas de concessão
tiveram interessados de fora de
São Paulo. A informação, entretanto, é questionada por Santiago.
"Ele está blefando. Eu participei
das visitas técnicas e só vi gente
daqui. Eu conhecia todos", afirmou. Tatto não quis revelar, por
motivos "estratégicos", quem teria depositado os valores caução,
mas disse que em torno de 50 empresas participaram das vistorias
técnicas, sete das quais de fora da
cidade de São Paulo.
O presidente do Transurb, Sérgio Pavani, disse que as viações
paulistanas não depositaram os
valores caução na semana passada porque não viam possibilidade
de cumprir as exigências da licitação. "Ninguém vai assumir obrigação que não possa cumprir porque amanhã estaremos sendo
massacrados", disse Pavani, que
quer mais prazo para a análise do
modelo. "Nossas contas não fecham até agora", afirmou.
O novo modelo de transporte,
que a prefeitura pretende implementar até julho, dividirá a capital
paulista em dois tipos de linhas: as
locais, restritas aos bairros e com
tarifa reduzida, em torno de R$
1,30, e as estruturais, que ligarão
os bairros ao centro, com preço
próximo de R$ 1,70.
(PALOMA COTES E ALENCAR IZIDORO)
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