RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Câmara dos Deputados decidiu ontem reabrir o processo de investigação sobre o deputado Pinheiro Landim (PSL-CE), acusado de envolvimento com o narcotráfico. A ação, fruto de decisão política da nova Mesa da Casa, foi anunciada no primeiro dia de trabalho de João Paulo Cunha (PT-SP) como presidente da Câmara.
O petista já havia sinalizado que voltaria a investigar Landim como forma de mostrar que sua gestão não seria condescendente em casos de deputados suspeitos de crimes comuns.
Landim é suspeito de envolvimento com o tráfico de drogas devido a gravações feitas pela Polícia Federal com autorização judicial. De acordo com a polícia, ele seria intermediário de um esquema que visaria beneficiar traficantes em processos judiciais por meio da compra de habeas corpus (decisão judicial que garante a liberdade de suspeitos). Ele nega as acusações.
Investigado pela legislatura encerrada em janeiro, o deputado renunciou ao mandato para evitar a cassação. Devido ao fato de ter sido reeleito em outubro, tomou posse novamente no último sábado, apesar de o próprio João Paulo ter tentado, por meio de outros deputados, convencê-lo a não assumir o novo mandato.

Cassação
"A sociedade está ávida para ver uma solução por parte da Câmara", disse João Paulo após reunião com os demais integrantes da Mesa Diretora. Ficou definido que a investigação anterior -feita pelo antigo corregedor, Barbosa Neto (PMDB-GO)- será aproveitada pela nova comissão criada, que tem prazo para entregar um relatório final até o dia 25 deste mês.
Na sindicância anterior, Barbosa Neto propôs a cassação do colega. A nova investigação será chefiada por Luiz Piauhylino (PSDB-PE), 2º vice-presidente e corregedor da Câmara.
Segundo Piauhylino, o principal argumento para a reabertura do processo é o fato de que as acusações contra Landim vieram à tona após as eleições de outubro. "Se a população do Ceará soubesse disso antes das eleições, pode ser que o resultado fosse outro", afirmou. Segundo ele, as acusações têm relação com o atual mandato.
Ao ser apresentado à Mesa Diretora, o relatório, que provavelmente pedirá novamente a cassação de Landim, será enviado para o Conselho de Ética, responsável pela abertura de processo.
A Polícia Federal incluiu Landim como suspeito na investigação sobre a quadrilha liderada por Leonardo Dias Mendonça, preso no final do ano passado e acusado de tráfico de drogas. Há suspeitas ainda do envolvimento de integrantes do Judiciário.


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