São Paulo, quarta-feira, 04 de fevereiro de 2004

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Anúncio ainda depende da Sabesp

DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de dois meses com chuvas abaixo da média histórica na região do sistema Cantareira, o discurso do secretário Mauro Arce, ontem, era bem mais pessimista do que no fim de 2003, quando dizia confiar nas precipitações para evitar a falta de água.
"Não adianta mais dizer que não vamos fazer racionamento durante o período chuvoso porque já estamos na metade do período chuvoso, e a situação não melhorou muito. Não descarto a possibilidade de anunciar o rodízio ainda nesta semana", disse.
A decisão final depende de simulações que estão sendo feitas pela Sabesp (empresa de saneamento do Estado) para saber se o Cantareira já chegou ao fundo do poço ou segura mais um pouco.
Se for decretado, o rodízio só começará, porém, ao menos uma semana depois, tempo no qual as pessoas serão informadas do esquema de paradas no fornecimento -que já está definido.
O racionamento deverá atingir cerca de 6,5 milhões de pessoas -2,5 milhões ficariam de fora ou por estarem incluídas entre os serviços essenciais, como hospitais, ou por morarem em pontos muito altos da rede, onde o retorno do fornecimento seria difícil.
Os que tiverem falta de água serão divididos em três grupos, cada um dos quais ficará desabastecido entre 24 e 36 horas.
As chuvas esperadas -e desejadas- não vieram "no lugar certo", disse Arce. Em janeiro, as precipitações no Cantareira (152,6 mm) foram 41% menores do que a média histórica (259,6 mm). Em dezembro, apesar de a diferença não ter sido tão grande, o déficit também se repetiu (197,8 mm de chuva contra uma média de 225,8 mm). Entre anteontem e ontem, o acumulado foi de só 13,3 mm.
Os índices tornam cada vez mais distantes a meta de o sistema chegar ao fim de março (fim também da estação chuvosa) com 40% de sua capacidade -percentual apontado pelos especialistas como necessário para afastar de vez o fantasma do racionamento.
Dos seis sistemas de abastecimento da Grande São Paulo, o único realmente beneficiado pelo temporal de anteontem foi o Guarapiranga, que abastece cerca de 3,5 milhões de paulistanos e teve, em 24 horas, uma chuva acumulada de 36,2 mm. Por causa disso, o nível subiu, entre anteontem e ontem, 1,3 ponto percentual, de 29,3% para 30,6% do máximo.
(MARIANA VIVEIROS)


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