|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EDUCAÇÃO
Com negociação de dívidas, maioria dos alunos regulariza situação, o que permite realização de matrículas para 2004
Inadimplência em universidades cai 70%
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após um ano de recorde de inadimplência nas universidades privadas do país, 70% dos alunos devedores (560 mil) conseguiram
renegociar suas dívidas em dezembro e janeiro últimos, de
acordo com a ABMES (Associação Brasileira de Mantenedoras
de Educação Superior) e o Semesp (Sindicato das Mantenedoras do Estado de São Paulo).
No ano passado, 33% dos estudantes da rede privada de ensino
superior do país estavam inadimplentes (800 mil alunos). Em São
Paulo, cerca de 25% deles não estavam com as mensalidades em
dia (209 mil), mais do que o dobro
da média histórica de 12%.
A legislação da educação permite que o estudante inadimplente
continue cursando o ano letivo
após a matrícula. Mas, no ano seguinte, a matrícula pode ser recusada caso o pagamento das mensalidades não esteja em dia.
"Tem de haver uma renegociação. Não há o que fazer", afirma
Edson Franco, presidente da ABMES. Segundo ele, a maior parcela de inadimplentes vem de classes de renda mais baixa.
"Pela exigência do mercado,
eles arriscam entrar na universidade particular e pensam nas
mensalidades depois. Acreditam,
por exemplo, que conseguirão entrar no Fies [Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino
Superiores, que, no ano passado,
teve cerca de 1 milhão de inscritos
para 70 mil benefícios]. É limitado. Faltam mecanismos de financiamento para essa população",
afirma Franco.
Antonio Carbonari, vice-presidente do Semesp, afirma que os
principais meios utilizados pelas
universidades são o parcelamento
da dívida dos estudantes em 12
vezes ou mais, a negociação do 13º
salário para o pagamento do saldo devedor e o trancamento da
matrícula até que o aluno regularize a sua situação.
"Uma grande parte dos que não
conseguem renegociar as dívidas
perdeu o emprego durante o último ano", afirma Carbonari.
A alta inadimplência é apenas
um dos problemas do setor. A
concorrência teve um aumento
recorde -o número de universidades privadas no país cresceu
45% em dois anos, o que provocou alta da ociosidade das vagas
(37,4% das vagas oferecidas).
A Universidade da Amazônia,
no Pará, optou por oferecer bolsas
restituíveis para os estudantes em
dificuldades financeiras. O abatimento da mensalidade, em geral,
é de 20% a 40%. Essa parcela deverá ser paga pelo aluno após a
formatura. A instituição destina
5% (R$ 4,9 milhões) de seu faturamento para isso. A renegociação
foi feita com cerca de 2.000 dos 17
mil alunos da instituição.
Texto Anterior: Morador só levou short e chinelos Próximo Texto: Panorâmica - Violência: Jovens do RJ são acusados de espancar 3 no ES Índice
|