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VIOLÊNCIA
Os policiais, que estão presos, estariam trabalhando como seguranças para uma casa de eventos em Campinas
2 PMs são acusados de agredir e matar jovem
MAURÍCIO SIMIONATO
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
Dois policiais militares foram
presos ontem pelo Comando da
Polícia Militar de Campinas (95
km a noroeste de SP) acusados de
participar da morte por espancamento do adolescente Ivo Mucillo
Júnior, 17, no último domingo,
em frente a uma das maiores casas de shows e eventos do interior,
a Usina Royal, no bairro Taquaral, em Campinas.
Segundo a Polícia Civil, que instaurou inquérito para apurar o
caso, os policiais, que não tiveram
o nome divulgado, faziam bico
como seguranças naquela noite.
Mucillo Júnior foi morto, conforme a polícia, quando tentou defender um amigo, também adolescente e que tentou pular o muro da boate, dos seguranças.
Os dois policiais foram reconhecidos ontem à noite por testemunhas na Polícia Civil e foram
indiciados por homicídio. O delegado responsável pelo caso, Cláudio Alvarenga, pediu a prisão
temporária deles à Justiça.
A polícia afirma que um dos policiais acusados era lutador de jiu-jítsu. Um terceiro policial que teria participado do crime foi citado
no depoimento por testemunhas,
segundo a polícia, mas não havia
sido identificado até ontem.
Além de Mucillo Júnior, outro
adolescente, L.,16, foi agredido
com um soco no rosto e desmaiou. Ele passa bem. Os dois
eram amigos. Mucillo Júnior foi
enterrado em Capivari (SP).
Reconhecimento
De acordo com o comandante
do CPI-2 (Comando do Policiamento do Interior) da PM, coronel Reynaldo Pinheiro da Silva, os
dois policiais militares foram
identificados por meio de fotos
por testemunhas.
"Eles [PMs] tiveram prisão administrativa e serão encaminhados para a Corregedoria, onde
prestarão depoimento e ficarão
detidos até a conclusão da investigação", disse o coronel.
Segundo o coronel da PM de
Campinas, os dois policias presos
estavam de folga no dia do crime.
Pinheiro não confirmou se eles faziam bico naquela noite.
Os dois policiais permanecerão
em prisão administrativa por pelo
menos cinco dias no presídio Romão Gomes, em São Paulo, segundo o coronel da PM. Eles responderão a uma sindicância e podem ser expulsos.
O advogado dos dois policiais
presos, Pedro Gustavo Pinheiro
Machado, não quis se manifestar
sobre o caso ontem à tarde.
O diretor-geral da Usina Royal,
Fábio Rodrigues Marques, afirmou que a casa não "tem nenhuma relação com o ocorrido". "A
segurança da casa é terceirizada
pela empresa Mega Segurança,
que, por nossa exigência, possui
funcionários devidamente uniformizados e identificados."
A direção da Mega negou à Polícia Civil que contrate PMs como
seguranças em eventos.
A domingueira na casa havia sido promovida pelo empresário
Alexandre Vasconcelos Pinheiro,
que também negou ter contratado policiais.
De acordo com a testemunha
M.T.S., 18, um dos três policiais
estava armado e dois deles estavam cada um em uma moto. Ele
afirmou que os três [PMs] não o
deixaram socorrer o amigo, que,
mesmo caído e inconsciente, continuava apanhando.
A família de Mucillo Júnior pretende entrar na Justiça contra o
Estado e a Usina Royal. "Exijo
Justiça e que todos os responsáveis sejam condenados", disse.
Ela disse que seu filho havia concluído o ensino fundamental e
pretendia ingressar no Exército.
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