São Paulo, quarta-feira, 04 de fevereiro de 2004

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RIO

Para delegada, hipótese de autolesão é "bem remota"

Preso diz que universitário foi torturado por polícia em Cabo Frio

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Um preso da delegacia de Cabo Frio (154 km do Rio) afirmou a membros da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio que o aluno Rômulo Batista de Melo foi espancado por policiais na carceragem.
O preso -cuja identidade está sob sigilo- disse ainda que os policiais mandaram os presos sustentarem a versão de autolesão, apresentada pelo delegado José Omena, que está afastado.O presidente da comissão, deputado Alessandro Molon (PT), deve ir a Cabo Frio ouvir a testemunha.
O estudante, de 21 anos, morreu no dia 27 quando era transferido de Cabo Frio para um hospital psiquiátrico no Rio. A morte foi causada por traumatismo crânio-encefálico, hemorragia intracraniana e ação contundente. Ele havia sido preso seis dias antes acusado do roubo de um carro.
Em audiência pública realizada ontem, a delegada responsável pelas investigações, Tatiana Vieira, da Corregedoria da Polícia Civil, disse que, para a polícia, o estudante foi torturado e espancado por policiais ou presos. O chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins, disse que os dez presos ouvidos mantiveram a versão de autolesão.
A Comissão de Direitos Humanos propôs a reconstituição do percurso feito pelo estudante de Cabo Frio a Maricá, onde morreu. A comissão irá investigar se havia ordem judicial para fazer a transferência do universitário. A Folha não havia localizado Omena até a conclusão desta edição.
Anteontem, no encontro com familiares da vítima, o secretário dos Direitos Humanos, Jorge da Silva, assumiu a culpa do Estado.


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