São Paulo, domingo, 04 de fevereiro de 2007

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Médicos da tropa mais temida dizem prestar socorro também a criminosos

DA SUCURSAL DO RIO

O ortopedista Flávio Cerqueira veste um uniforme incomum para um médico. Em vez do branco, usa farda preta. Capitão-médico da PM do Rio, ele é o responsável pela saúde da mais temida unidade da corporação, o Bope (Batalhão de Operações Especiais).
"Todo mundo aqui no Bope usa preto, inclusive o médico e a psicóloga. Faz parte da mística, mas reconheço que é curioso para um médico", ri.
De fuzil FAL 7.62, ele freqüentemente acompanha incursões policiais, levado pelo Caveirão (veículo blindado), ou operações com reféns. Em novembro, atuou em Nova Iguaçu quando o camelô André da Silva seqüestrou o ônibus 499 ameaçando matar a ex-mulher.
"Semana passada, na Vila Cruzeiro, uma granada explodiu bem perto de mim, mas felizmente não me feri", contou.
Descrito por colegas como "vibrador" (quem gosta de combate), ele aderiu à PM justamente depois de operar quatro vezes um oficial do Bope baleado na perna, de quem acabou se tornando amigo. Foi estimulado pelo chefe, oficial PM da reserva, no Hospital de Traumato-Ortopedia, onde também atua em alongamento e reconstituição óssea.
Em 2000, prestou concurso para a PM e, depois de quatro anos na Policlínica de São João de Meriti, foi ao Bope como voluntário, atraído pela mística do batalhão. "Aqui é diferente."
No dia-a-dia no Bope, também atende aos militares do batalhão e a seus parentes. A maior parte das queixas é por lesões de esforço repetitivo, tendinites nos ombros e joelhos por carga de treinamento.
Em um ano e meio na unidade, ainda não atendeu ferido em confronto, "graças a Deus e à técnica dos policiais".
Apesar de gostar da área operacional, Cerqueira afirma: "Sou mais médico que policial. Se tiver um criminoso ferido, tenho de socorrer." O tenente-médico Armando Santos tem opinião parecida. "Muito antes de ser militar, sou médico", diz.
Um dos sete médicos do Gesar, o cardiologista Armando já viveu situações tensas, sempre armado de pistola. "Vivemos situações de risco, por andarmos em uma viatura militar, passando por locais de risco, fazendo trajetos perigosos, à noite. Mas nunca tive de disparar [um tiro], graças a Deus. Quando chego de volta de uma ação, devolvo os projéteis feliz." (RG)


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