|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Médicos da tropa mais temida dizem prestar socorro também a criminosos
DA SUCURSAL DO RIO
O ortopedista Flávio Cerqueira veste um uniforme incomum para um médico. Em vez
do branco, usa farda preta. Capitão-médico da PM do Rio, ele
é o responsável pela saúde da
mais temida unidade da corporação, o Bope (Batalhão de
Operações Especiais).
"Todo mundo aqui no Bope
usa preto, inclusive o médico e
a psicóloga. Faz parte da mística, mas reconheço que é curioso para um médico", ri.
De fuzil FAL 7.62, ele freqüentemente acompanha incursões policiais, levado pelo
Caveirão (veículo blindado), ou
operações com reféns. Em novembro, atuou em Nova Iguaçu
quando o camelô André da Silva seqüestrou o ônibus 499
ameaçando matar a ex-mulher.
"Semana passada, na Vila
Cruzeiro, uma granada explodiu bem perto de mim, mas felizmente não me feri", contou.
Descrito por colegas como
"vibrador" (quem gosta de
combate), ele aderiu à PM justamente depois de operar quatro vezes um oficial do Bope baleado na perna, de quem acabou se tornando amigo. Foi estimulado pelo chefe, oficial PM
da reserva, no Hospital de
Traumato-Ortopedia, onde
também atua em alongamento
e reconstituição óssea.
Em 2000, prestou concurso
para a PM e, depois de quatro
anos na Policlínica de São João
de Meriti, foi ao Bope como voluntário, atraído pela mística
do batalhão. "Aqui é diferente."
No dia-a-dia no Bope, também atende aos militares do batalhão e a seus parentes. A
maior parte das queixas é por
lesões de esforço repetitivo,
tendinites nos ombros e joelhos por carga de treinamento.
Em um ano e meio na unidade, ainda não atendeu ferido
em confronto, "graças a Deus e
à técnica dos policiais".
Apesar de gostar da área operacional, Cerqueira afirma:
"Sou mais médico que policial.
Se tiver um criminoso ferido,
tenho de socorrer." O tenente-médico Armando Santos tem
opinião parecida. "Muito antes
de ser militar, sou médico", diz.
Um dos sete médicos do Gesar, o cardiologista Armando já
viveu situações tensas, sempre
armado de pistola. "Vivemos situações de risco, por andarmos
em uma viatura militar, passando por locais de risco, fazendo trajetos perigosos, à noite.
Mas nunca tive de disparar [um
tiro], graças a Deus. Quando
chego de volta de uma ação, devolvo os projéteis feliz."
(RG)
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Saúde/Oftalmologia: Mau uso de colírios pode provocar doenças graves Índice
|