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CAÇA AO PROFANO
TPF e arquidiocese paulistana conseguem censurar Águia de Ouro
Justiça impede uso de imagem sacra em desfile de São Paulo
SORAYA AGÉGE
da Reportagem Local
A Justiça proibiu ontem a escola
de samba Águia de Ouro, de São
Paulo, de apresentar ao público a
escultura da Virgem Maria, baseada na "Pietá" de Michelangelo.
A escola seria a quarta a se apresentar, na madrugada de hoje.
Em caráter liminar, foram atendidos os pedidos de censura feitos
pela TFP (Sociedade Brasileira de
Defesa da Tradição, Família e
Propriedade) e pela Arquidiocese
de São Paulo.
A alegoria da Águia de Ouro
mostra Maria segurando no colo
um indígena, com sinais de crucificação, no lugar de Jesus.
A escola informou, no início da
noite de ontem, que se não fosse
notificada oficialmente até as 2h
de hoje, exibiria a imagem.
O Tribunal de Justiça do Estado
de São Paulo, no entanto, previa
que a notificação deveria ser feita
antes desse horário, já que ela havia sido expedida às 19h.
No despacho sobre o pedido da
arquidiocese, o desembargador
José Luiz Fonseca Tavares cita o
artigo 208 do Código Penal para
justificar sua decisão: "Escarnecer
de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa;
impedir ou perturbar cerimônia
ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso".
Até as 18h de ontem, a escola
de samba Unidos da Tijuca, do
Grupo Especial do Rio de Janeiro,
não havia conseguido liminar da
Justiça para recuperar a imagem
de Nossa Senhora da Boa Esperança e uma cruz, apreendidas no
barracão da escola, quarta-feira.
A ausência da liminar impede a
escola de recuperar os objetos,
que estão numa delegacia de polícia, para mostrá-los em seu desfile, segunda-feira. "Posso carnavalizar essa história toda", disse o
carnavalesco Chico Spinoza. Ele
promete uma surpresa na avenida para compensar a perda.
A imagem e a cruz foram
apreendidas por ordem da Secretaria de Segurança Pública do Estado, por solicitação da Arquidiocese do Rio, que acusou a Unidos
da Tijuca de vilipêndio (desprezo
público por objeto religioso).
O advogado da Arquidiocese,
Antônio Passos, promete que
qualquer "deboche" contra a igreja, na avenida, será respondido
com processo. Ele confirmou que
cinco advogados estarão de plantão, para emergências.
Carnavalescos de outras escolas
que vão fazer referência à religião
católica - Grande Rio, Beija Flor,
Viradouro e Caprichosos de Pilares - disseram ontem que não
temem a ação da polícia para repreender seus desfiles.
Colaborou a Sucursal do Rio
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