São Paulo, sábado, 04 de março de 2000


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CAÇA AO PROFANO
Igreja vai recorrer contra liminar e manter grupo para vigiar sambistas
Escola do Rio derruba na Justiça veto a uso de símbolos sacros

da Sucursal do Rio

A Unidos da Tijuca, do Grupo Especial do Rio de Janeiro, conseguiu ontem liminar na Justiça para recuperar o painel com imagem de Nossa Senhora da Boa Esperança e uma cruz apreendidas na sede da escola, quarta-feira.
A decisão provisória foi concedida às 21h30 pelo desembargador Luiz Eduardo Rabello, do 6º Grupo de Câmaras do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
A cruz e a imagem da estátua dada a Pedro Álvares Cabral pelo rei d.Manuel quando de sua viagem para o descobrimento do Brasil foram apreendidas a mando da Secretaria de Segurança Pública do Estado, por solicitação da Arquidiocese do Rio de Janeiro.
O advogado da igreja carioca, Antônio Passos, havia acusado a Unidos da Tijuca de vilipêndio (desprezo público por objeto religioso). A polícia recolheu os símbolos religiosos alegando "flagrante" do crime.
Passos deve recorrer da liminar. Ele promete que qualquer "deboche" contra a igreja, na avenida, será respondido com processo. Cinco de seus assessores estarão de plantão no Carnaval.
O advogado disse que a polícia está encarregada de apreender qualquer objeto que ofenda a igreja. Mas a Secretaria de Segurança Pública informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a polícia só vai agir, nesse caso, se for acionada juridicamente.
Carnavalescos de outras escolas que vão fazer referência à religião católica (Grande Rio, Beija Flor, Viradouro e Caprichosos de Pilares) disseram que não temem repressão policial na avenida.
Joãosinho Trinta, da Viradouro, afirmou que a censura imposta pela arquidiocese à Unidos da Tijuca significa o surgimento de uma "nova inquisição sobre o Carnaval e a cultura popular".

Garotinho muda o tom
Ao contrário de anteontem, quando defendeu a ação de sua polícia, o governador do Rio, Anthony Garotinho (PDT), adotou o tom conciliador.
"Faço um apelo à arquidiocese para que ela busque um entendimento com as entidades carnavalescas para que não se crie um clima de confronto no Carnaval. Isso não interessa a ninguém."
O governador afirmou que foi procurado por representantes das duas partes para tratar do tema.
"O que pedi foi paz, que eles achem uma fórmula consensual, para ninguém se sentir agredido nas suas convicções religiosas. Ou seja, que os católicos representados por sua arquidiocese não se sintam ofendidos, mas também que os carnavalescos não tenham a criatividade restringida."



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