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CAÇA AO PROFANO
Igreja vai recorrer contra liminar e manter grupo para vigiar sambistas
Escola do Rio derruba na Justiça veto a uso de símbolos sacros
da Sucursal do Rio
A Unidos da Tijuca, do Grupo
Especial do Rio de Janeiro, conseguiu ontem liminar na Justiça para recuperar o painel com imagem de Nossa Senhora da Boa Esperança e uma cruz apreendidas
na sede da escola, quarta-feira.
A decisão provisória foi concedida às 21h30 pelo desembargador Luiz Eduardo Rabello, do 6º
Grupo de Câmaras do Tribunal
de Justiça do Rio de Janeiro.
A cruz e a imagem da estátua
dada a Pedro Álvares Cabral pelo
rei d.Manuel quando de sua viagem para o descobrimento do
Brasil foram apreendidas a mando da Secretaria de Segurança Pública do Estado, por solicitação da
Arquidiocese do Rio de Janeiro.
O advogado da igreja carioca,
Antônio Passos, havia acusado a
Unidos da Tijuca de vilipêndio
(desprezo público por objeto religioso). A polícia recolheu os símbolos religiosos alegando "flagrante" do crime.
Passos deve recorrer da liminar.
Ele promete que qualquer "deboche" contra a igreja, na avenida,
será respondido com processo.
Cinco de seus assessores estarão
de plantão no Carnaval.
O advogado disse que a polícia
está encarregada de apreender
qualquer objeto que ofenda a
igreja. Mas a Secretaria de Segurança Pública informou, por meio
de sua assessoria de imprensa,
que a polícia só vai agir, nesse caso, se for acionada juridicamente.
Carnavalescos de outras escolas
que vão fazer referência à religião
católica (Grande Rio, Beija Flor,
Viradouro e Caprichosos de Pilares) disseram que não temem repressão policial na avenida.
Joãosinho Trinta, da Viradouro,
afirmou que a censura imposta
pela arquidiocese à Unidos da Tijuca significa o surgimento de
uma "nova inquisição sobre o
Carnaval e a cultura popular".
Garotinho muda o tom
Ao contrário de anteontem,
quando defendeu a ação de sua
polícia, o governador do Rio, Anthony Garotinho (PDT), adotou o
tom conciliador.
"Faço um apelo à arquidiocese
para que ela busque um entendimento com as entidades carnavalescas para que não se crie um clima de confronto no Carnaval. Isso não interessa a ninguém."
O governador afirmou que foi
procurado por representantes das
duas partes para tratar do tema.
"O que pedi foi paz, que eles
achem uma fórmula consensual,
para ninguém se sentir agredido
nas suas convicções religiosas. Ou
seja, que os católicos representados por sua arquidiocese não se
sintam ofendidos, mas também
que os carnavalescos não tenham
a criatividade restringida."
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