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Conheça 2 bons exemplos em segurança
Em Santa Catarina, índices sociais favorecem combate à violência; em São Carlos (SP), aplicação rigorosa do ECA trouxe resultados
Projeto social que atende 1.800 jovens em Florianópolis uniu ONGs, Igreja, líderes comunitários, governos federal e estadual e polícia
GILMAR PENTEADO
ENVIADO ESPECIAL A SANTA CATARINA
Em meio à violência que cada
vez mais preocupa o país e assusta as pessoas, há dois bons
exemplos em segurança pública que, sem atos mirabolantes,
conseguiram bons resultados.
Em Santa Catarina, os índices sociais positivos fizeram diferença no combate à violência
-o Estado tem a menor taxa de
homicídios dolosos (intencionais) no país. Já São Carlos,
município no interior de São
Paulo, o resultado veio com
uma iniciativa de seguir estritamente o ECA (Estatuto da
Criança e do Adolescente).
Em Florianópolis, no prédio
que abrigou o IML (Instituto
Médico Legal) por mais de 30
anos, a geladeira usada no passado para depositar os corpos
agora guarda pranchas de surfe
inacabadas. Pela mesa na qual
os cadáveres eram necropsiados, hoje escorre apenas resina.
O imóvel de três andares foi
reformado e reaproveitado. O
local agora faz parte de um projeto que atende 1.800 crianças e
adolescentes e colocou mais
500 na universidade.
O projeto social uniu ONGs,
Igreja, líderes comunitários,
governos federal e estadual e
polícia. Todos citam a iniciativa
com uma das responsáveis pelas estatísticas favoráveis, aliada aos índices sociais do Estado, a predominância de cidades
pequenas -que reduz bolsões
de miséria- e a colaboração da
comunidade em ações policiais.
Segundo o Mapa da Violência
organizado pela OEI (Organização dos Estados Ibero-Americanos), Santa Catarina foi o
Estado com o menor índice de
homicídios dolosos.
Nenhuma cidade catarinense aparece na lista dos 260 municípios com os piores índices
no país. Das 263 cidades do Estado, em 91 (31%) não houve assassinato entre 2002 e 2004.
A diferença para os outros
Estados já começa nos índices
sociais. O Estado tem o segundo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do país. Florianópolis ocupa a quarta posição entre os municípios e a primeira entre as capitais.
O analfabetismo atinge 5%
da população e o PIB (Produto
Interno Bruto) per capita foi de
R$ 12.159,00 em 2004. Esse valor é o dobro do PIB per capita
de Pernambuco, Estado em
pior situação segundo o Mapa
da Violência. Naquele Estado, o
analfabetismo é de 21,4%.
Em relação ao número de policiais, Santa Catarina e Pernambuco têm proporções semelhantes. A diferença está no
salário. O vencimento inicial
bruto de um policial civil ou militar em Santa Catarina, segundo o governo, é R$ 1.950,00. Em
Pernambuco, é metade disso.
Segundo o secretário estadual da Segurança Pública, Ronaldo Benedet, a política de segurança de Santa Catarina não
tem grandes fórmula. "Todo
mundo bate nas conseqüências
dos crimes. Mas e as causas?
Procuramos valorizar a polícia.
Mas sem o trabalho social, a
ação da polícia é quase inócuo."
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