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Ambientalistas vêem flotação com reservas
DO COLUNISTA DA FOLHA
Movimentos sociais e organizações de defesa do ambiente sempre viram o projeto de flotação no rio Pinheiros com reservas. "Em vez de
bombear água [da flotação]
para o Tietê e ajudar a limpá-lo, [querem] jogar na Billings
para produzir uma energia
cara", critica Marussia Whately, do Instituto Socioambiental e da campanha De
Olho nos Mananciais.
A controvérsia levou a um
acordo entre a Promotoria e
a Emae, em junho, segundo o
qual a empresa pode testar a
flotação de 6 a 12 meses, com
vazão reduzida a um quinto
do projeto. O experimento
começou em setembro, nos 5
km do rio junto à Billings.
A finalidade do teste é produzir dados sobre a qualidade da água pós-flotação, para
alimentar estudo e relatório
de impacto ambiental (EIA-Rima). Só depois de aprovado o EIA-Rima seria possível
operar o sistema completo.
O sistema enfrenta, porém, vários problemas.
Quando há controle de
cheias, precisa ser interrompido. Chuvas fortes também
danificam equipamentos.
Pior efeito tem o lixo carreado por córregos. Três mil
toneladas são retiradas por
ano. De garrafas PET a itens
de mobília, os dejetos se acumulam nos aparelhos da flotação. Com isso, o sistema raramente funciona mais que
cinco dias seguidos.
O resultado é que, no seis
meses de teste, não foram coletados dados suficientes para o EIA-Rima. "Os resultados até agora são inconclusivos", diz o promotor José
Eduardo Lutti. "Não conseguimos ainda saber se a água
será boa ou não." Mais seis
meses, para completar um
ciclo hidrológico (cheias e estiagem), serão necessários.
A boa notícia é que o quadro talvez não resulte tão poluído quanto se imaginava.
Pedro Mancuso, especialistas em reuso de água da Faculdade de Saúde Pública da
USP e coordenador dos assistentes técnicos da Promotoria para a flotação, vê itens
animadores entre os mais de
200 parâmetros de qualidade de água analisados.
A turbidez cai drasticamente com a flotação, assim
como os níveis de fosfato
(que faz as algas proliferarem). "Será assim sempre?
Não sei", ressalva Mancuso.
Só a série completa de dados
e o EIA-Rima poderão dizer.
"Só os sólidos serão removidos, parte dos fosfatos e
outros nutrientes. Microorganismos como fungos, bactérias e protozoários, ou
compostos solúveis, só serão
removidos se forem coagulados ou floculados", diz Jorge
Rubio, especialista em flotação da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul. "O esgoto tem de ser tratado antes
de ser lançado nos rios."
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