São Paulo, terça-feira, 04 de março de 2008

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Duas famílias são feitas
reféns por 20 h

Assaltantes armados invadiram chácaras em Atibaia e Jarinu, prenderam vítimas e roubaram seus cartões de débito

Enquanto aguardavam para realizar os saques em caixas automáticos, bandidos fizeram churrasco e beberam, dizem reféns

LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Seis criminosos armados fizeram reféns 14 pessoas de duas famílias, entre elas três crianças, por mais de 20 horas em duas chácaras de veraneio nas cidades de Atibaia, a 60 km de São Paulo, e Jarinu, a 71 km da capital. O objetivo dos assaltantes, que chegaram a fazer churrasco, era roubar cartões de banco para fazer saques em caixas eletrônicos. Até ontem, nenhum deles havia sido preso.
Segundo a polícia, às 20h30 de sexta-feira, os seis criminosos invadiram um condomínio fechado em Atibaia, onde uma família de comerciantes da zona oeste de São Paulo se preparava para jantar. Entre as vítimas, havia um menino de 4 anos. "Eles [criminosos] pularam o muro perto da piscina e chegaram todos mascarados e com armas", disse uma das reféns, que pediu anonimato.
Enquanto dois deles vigiavam os reféns -que ficaram trancados em um quarto-, os demais saíram em busca de mais vítimas. Por volta de 1h de sábado, retornaram à chácara trazendo um casal de biólogos como reféns em seu Palio.
Segundo testemunhas, enquanto esperavam amanhecer -para ir até caixas eletrônicos-, os criminosos prepararam churrasco com peças de picanha que encontraram na chácara, beberam uísque e cerveja e passaram a madrugada assistindo a TV a cabo.
"Eles vieram oferecer lanche e churrasco, disseram até que podíamos usar o fogão para cozinharmos, mas ninguém tinha cabeça para isso", disse a refém.
Às 5h de sábado, as vítimas foram colocadas no Doblò da família e levadas para uma cidade próxima, Jarinu, onde ficava a chácara de veraneio alugada pelo casal de biólogos.
De acordo com a polícia, familiares do casal eram rendidos conforme chegavam ao local para passar o fim de semana. Foram capturados mais dois casais e duas crianças.
Os reféns foram obrigados a entregar seus cartões de banco e fornecer as senhas. "Falaram que se não déssemos a senha certa ia ser pior", disse a vítima.
A refém afirmou que sua família levou uma Bíblia para o quarto onde estavam presos e passaram a maior parte do tempo rezando.
Um corretor de seguros recebeu uma coronhada na cabeça. "Foi logo que chegamos à chácara. Bateram no meu marido para nos intimidar", disse outra refém, que também não quis ter o nome divulgado.
Por volta das 17h de sábado, os criminosos trancaram as vítimas e fugiram do local. Um refém bateu na porta para pedir para ir ao banheiro, e os criminosos não responderam. As vítimas então arrombaram as portas e telefonaram para a Polícia Militar.


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