São Paulo, sexta-feira, 04 de março de 2011

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Megaoperação busca "fuzil do extermínio"

Arma usada por grupo de matadores de PMs mobiliza helicóptero, 40 carros e 180 homens na periferia de Osasco

12 pessoas foram presas sob a acusação de tráfico de drogas e porte ilegal de armas, mas o fuzil não foi localizado


Zanone Fraissat/Folhapress
Busca em uma favela de Osasco-SP para apreender armas usadas em mortes de policiais

ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

Um helicóptero, 40 carros, 180 homens da Polícia Militar e mais de cinco horas de buscas em um dos bairros mais violentos da periferia de Osasco, Grande São Paulo.
A polícia realizou na madrugada de ontem uma megaoperação à procura de uma arma apenas: um fuzil calibre .223 utilizado no assassinato de quatro PMs e dois policiais civis.
O fuzil é uma das principais armas usadas por um grupo de extermínio formado por dez ex-policiais militares e civis. De acordo com as investigações, os criminosos cobravam de R$ 30 a mil a R$ 50 mil por trabalho.
Ao menos 19 pontos do bairro Helena Maria foram revistados. Durante a operação, 12 pessoas foram presas (duas eram foragidas da Justiça) sob a acusação de tráfico de drogas e porte ilegal de armas -seis foram apreendidas. Mas o fuzil alvo da PM não foi localizado.
A localização da arma foi indicada por um informante a promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). Esse mesmo informante disse ao promotor Marcelo Alexandre Oliveira que o fuzil foi usado em mais dos crimes: um sargento da PM e um tenente da PM, em novembro de 2009.
O informante e seus familiares serão incluídos no Programa de Proteção à Testemunhas do governo paulista.

MATADORES DE ALUGUEL
O Ministério Público pediu anteontem à Justiça a decretação da prisão preventiva do ex-PM Luiz Roberto Martins Gavião, suspeito de chefiar o grupo de extermínio.
Gavião, segundo os promotores, fugiu de São Paulo ao passar a ser investigado por chefiar o grupo, em 2010.
A prisão foi pedida porque o Gaeco disse que ligações telefônicas comprovaram a participação dele na morte do policial civil Douglas Noaldo Yamashita, em Santo André, em abril de 2010.
Apontado pelo Gaeco como executor do grupo, o também ex-PM Jairo Ramos dos Santos confessou a morte de Yamashita dias após o crime, ao ser preso disfarçado num hospital. Ao atirar contra o policial civil, ele foi ferido.
À polícia, Santos confessou a morte de oito pessoas -três policiais civis e até empresários. Ao investigar esses homicídios, o Gaeco descobriu que seis das oito mortes dos quais o grupo é suspeito foram cometidos pelo fuzil .223 não encontrado ontem.
Vahan Kechichian Neto, advogado de Santos, diz que só fala sobre as acusações contra ele à Justiça.
Os dois policiais civis mortos, além de Yamashita, ajudavam a investigar o roubo de 119 armas do CTT (Centro de Treinamento Tático), um centro de treinamento de tiros particular em Ribeirão Pires (Grande SP), em 2009.

LIGAÇÕES
Gavião foi sócio em uma empresa de segurança particular do ex-delegado Paulo Sérgio Óppido Fleury, demitido da polícia paulista em junho de 2010 por irregularidades administrativas.
Fleury, de acordo com o promotor Oliveira, é investigado sob a suspeita de agenciar os crimes do grupo de matadores. Fleury nega participação nas mortes e diz ser "vítima de perseguição".


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